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Desde sempre a ética ocupou um espaço fundamental na civilização, impondo-se como uma das dimensões mais importantes na afirmação individual de cada ser humano, bem como na forma de estruturação e consolidação das sociedades. As questões capitais em torno das quais se constrói o discurso da ética contemporânea têm no campo da informática e da informação / comunicação novíssimos territórios inexplorados, no entanto, só aparentemente se poderia pensar numa espécie de corte radical com toda a reflexão ética anterior. Desde muito cedo, no quadro do desenvolvimento da humanidade, as magnas questões tocaram a dimensão ética. Desde sempre o desenvolvimento técnico e tecnológico abriu sulcos em terrenos inexplorados, permitindo nos torrões revoltos encontrar uma renovada fertilidade, novos interrogantes, bem como sentidos fecundos para pensar a ação humana. É absolutamente legítimo recordar que no curso da história a meditação ética foi-se revelando e recriando no confronto com o tempo, com o contexto epocal. O curso do desenvolvimento tecnológico envolve, de forma constante, as áreas emergentes, as quais, plenas de novidade, convocam e provocam a reflexão ética. Destacamos uma plêiade de pensadores que responderam de forma profunda aos grandes desafios da contemporaneidade. Martin Heidegger, Gabriel Marcel, Michel Lacroix, Edgar Morin ou Hans Jonas constituem alguns dos elevados expoentes. Quando Hans Jonas se interrogava acerca dos fundamentos de uma ética para uma civilização tecnológica, reforçava o vínculo estreito entre a noção de progresso, tempo e responsabilidade e, ao mesmo tempo, inaugurava um novo questionamento à ética, enraizando-o num tempo atravessado por problemas também inéditos. A gênese da ética da informática é coetânea do princípio e posterior expansão da cibernética na década de quarenta do século passado. Norbert Wiener, como defende magistralmente Philippe Breton, desempenha um lugar nuclear. Ao mesmo tempo que aparece como mentor e impulsionador da cibernética, incrementando o paradigma maquinal, simultaneamente, agregará à sua meditação a dimensão social, o “cuidado” com o perigo que se ia desocultando paulatinamente no desenvolvimento exacerbado das técnicas e, acusando o que se ocultava na militarização da ciência. Nesta comunicação consideraremos em primeiro lugar a associação entre as questões da ética e o desenvolvimento tecnológico. Num segundo momento pensaremos a gênese da noção moderna de comunicação e o desenvolvimento da cibernética, identificando algumas das dimensões que são hoje capitais na ética da informática: respeito pela pessoa, privacidade, direitos de autor, comércio eletrônico, crimes informáticos.