As pessoas votam por diferentes motivos.
Alguns eleitores podem até achar que um candidato
favoreceria os interesses de sua classe social, mas
podem questionar a honestidade dele, sua capacidade
de governar, ou sua posição diante de temas como
descriminalização das drogas, valores morais e sociais
ou a defesa do meio ambiente.
Mas essa tendência do voto de classe é forte ou
fraca? Depende. Em algumas épocas e alguns países,
parece ter sido mais forte; em outras épocas ou outros
países, mais fraca. Segundo um grande estudo
estatístico feito pelos sociólogos Giedo Jansen (1984-),
Geoffrey Evans e Nan Dirk De Graaf (1958-) em quinze
países desenvolvidos, abarcando o período entre 1960
e 2005, o voto de classe teria perdido importância em
eleições recentes. Para Jansen, Evans e DeGraaf quais
fatores interligados esses motivos?
Respostas
Resposta:
Os dois fatores interligados identificados por Jansen, Evans e De Graaf foram:
1. As classes sociais mudaram;
2. Os partidos também mudaram.
Explicação:
1. As classes sociais mudaram: a classe operária “tradicional” – composta por aqueles que trabalhavam em fábricas, em tarefas repetitivas – passou a ser um setor menor da sociedade. Ao mesmo tempo, cresceu o número de trabalhadores nos setores de serviços – comércio, educação, turismo, etc. Assim, é cada vez menos possível que um partido conquiste a maioria dos votos apenas ganhando os votos dos operários. Os partidos de esquerda, dessa forma, teriam abandonado algumas propostas que interessavam muito à classe operária, mas não a outros setores, a fim de conquistar o voto desses setores e obter vitórias eleitorais.
2. Os partidos também mudaram: a grande novidade da pesquisa de Jansen, Evans e De Graaf foi analisar os programas políticos dos diferentes partidos, em diferentes países, e mostrar que o voto de classe é mais forte quando a diferença ideológica entre os partidos é maior. Se o partido de esquerda está muito à esquerda, e o de direita está muito à direita, os assalariados têm maior tendência a votar na esquerda; por outro lado, se os partidos propõem mais ou menos a mesma coisa em termos de políticas sociais, os eleitores têm menor tendência a decidir seu voto pensando no interesse de classe. Se os partidos propõem a mesma coisa no que se refere a impostos e programas sociais, por exemplo, não faz muita diferença, do ponto de vista de classe, quem vai sair vencedor. Nesses casos, os eleitores podem usar outros critérios para decidir seu voto. Por um lado, os partidos de esquerda deixaram de defender certas propostas que interessavam mais à classe operária, com o objetivo de obter votos em outras classes sociais. Isso reduziu a diferença entre as ideias dos partidos. Por outro lado, por esse mesmo motivo, a lealdade dos assalariados aos partidos de esquerda diminuiu, pelo menos nos países estudados por Jansen, Evans e De Graaf.