• Matéria: História
  • Autor: entina7
  • Perguntado 9 anos atrás

assunto a expansão portuguesa na América.
a pergunta é " Como se caracterizou os primeiros anos do processo no brasil"

Respostas

respondido por: falarodrigo
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Prezada,

A colonização ou invasão por Portugal das terras que hoje formam o Brasil requeriam um alto investimento. Seria o comparável, aproximadamente, a irmos, na atualidade, conquistar Marte (o planeta vermelho) .

O pau-brasil, entre outros produtos comerciais interessantes das terras que seriam o Brasil não requeriam a presença continuada no território, haja vista que sua obtenção era mais fácil através do escambo com os índios (eles cortavam em troca de bugigangas). 

Além disso, não havia uma população tão grande em Portugal como a que existia na Espanha, de modo que era mais interessante, do ponto de vista do lucro financeiro, investir em navios para ir às Índias. Os lucros eram astronômicos com as especiarias.

Desse modo, apenas quando o comércio com as Índias e outros países orientais deixou de ser tão rentável e Portugal já havia desenvolvido a tecnologia para o cultivo da cana-de-açúcar nas ilhas de Madeira e Açores, bem como outras nações europeias (especialmente a França) ameaçavam tomar o território que hoje seria o Brasil, Portugal promoveu o sistema de capitanias hereditárias como uma tentativa de colonizar o gigantesco território que possuía na América.
 

Com isso, transferia os principais gastos do empreendimento colonizador para particulares. Muitos, inclusive diziam algo semelhante a "tenho de conquistar por polegada as terras que o rei me dá em quilômetros", devido aos conflitos com algumas tribos indígenas e também com os franceses.

Exceto por Pernambuco e São Vicente, esse sistema falhou, pois os índios lutaram bravamente contra as invasões e a escravidão, bem como, mesmo sem passar por situação semelhante, sabiam por outras tribos dessas práticas pelos portugueses.

Assim, muitas tribos indígenas passaram a ser escravizadas para trabalhar nas lavouras de cana-de-açúcar. Entretanto, na divisão de trabalho indígena, os homens caçavam e guerreavam, cabendo às mulheres o cultivo de alimentos e coletas de frutas. Sem liberdade, tendo que realizar um trabalho feminino que para eles não fazia muito sentido, muitos preferiam morrer de fome, suicidando-se, bem como se recusavam a trabalhar. Dessas características de não conseguirem obrigar os índios ao trabalho pesado na lavoura por muito tempo, criou-se o mito de que os indígenas seriam "preguiçosos".

Ainda assim, os portugueses conseguiram se aliar a algumas tribos, conseguindo acesso aos segredos e recursos humanos suficientes para vencer as demais tribos. Isso resultou, por exemplo, a utilizamos o termo "tupiniquim" para nos referirmos a nós mesmos, haja vista que a tribo dos tupiniquins foi uma que se aliou aos portugueses. Essas tribos parceiras os auxiliaram, especialmente através dos descendentes entre ambos, os mamelucos, a conhecerem os segredos e as  técnicas de sobrevivência no Novo Mundo. 

A partir de então, haja vista a escravidão de africanos pelos próprios africanos e pelos árabes, de maneira que esses escravos já estavam acostumados ao trabalho, a mão de obra africana passou a ser utilizada nas lavouras de cana, de modo que os maiores estados produtores de cana-de-açúcar ainda hoje apresentam boa parte da população composta por afrodescendentes.

Além disso, o
s jesuítas tiveram um papel essencial para a colonização do Brasil, principalmente no início. Eles foram os responsáveis pelas primeiras escolas no Brasil, inclusive com cursos secundários, nos quais se estudava letras e filosofia.

Esses religiosos eram bem organizados, estudiosos, e práticos, trocando experiências sobre as práticas de catequização no mundo inteiro, analisando quais tinham êxito ou não, bem como apropriando-se das culturas locais para melhor converterem. 

Tal como fizeram no Japão, eles aprenderam as línguas indígenas e criaram dicionários destas para o português, ensinando-os a cultivar a terra e cuidar de animais, criando povoamentos que se converteram em cidades, em diferentes locais do Brasil. Muitos desses índios eram, contrariando a vontade dos religiosos, capturados e convertidos em escravos. 

Na verdade, eles não desejavam a escravidão dos indígenas, mas os convertiam à religião católica, bem como à vida sedentária com o cultivo de plantas e animais trazidos de outras partes do mundo. Assim, esses religiosos adquiriram poder na sociedade, tanto que foram expulsos do Brasil em 1759.

Vale ressaltar que a maior parte da sociedade da época, mesmo nas cidades, era composta por índios, escravos e uma pequena quantidade de brancos, em geral, homens portugueses. Nesse sentido, com a quase absoluta ausência de mulheres europeias, a miscigenação foi um fator importante para a formação da sociedade da época, influenciando ainda hoje a composição étnica do povo brasileiro.


falarodrigo: Recomendo a leitura do livro de Hans Staden sobre essa época: História Verdadeira e Descrição de uma Terra de Selvagens, Nus e Cruéis Comedores de Seres Humanos, Situada no Novo Mundo da América, Desconhecida antes e depois de Jesus Cristo nas Terras de Hessen até os Dois Últimos Anos, Visto que Hans Staden, de Homberg, em Hessen, a Conheceu por Experiência Própria e agora a Traz a Público com essa Impressão
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