• Matéria: Geografia
  • Autor: beatrizdiaz2707
  • Perguntado 6 anos atrás

ponto de vista pessoal da amazônia

Respostas

respondido por: yrissousa1010
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Explicação:

Foi uma grande e assustadora honra que me fez a Association pour la Recherche en Anthropologie Sociale ao convidar-me a ministrar hoje esta conferência que celebra Robert Hertz. Há exatamente noventa anos, Hertz publicava seu ensaio sobre a morte. Um ensaio que sobreviveu a ele e lhe conferiu essa forma de imortalidade relativa que pode ser a nossa (Vernant 1982), aquela assegurada pela memória das gerações de antropólogos que lhe sucederam. Eu mesma devo, em grande parte, a esse ensaio a inspiração de meu primeiro livro, que tratava de uma sociedade amazônica ¾ coincidência que faz desta homenagem um exame de consciência, e é nesse sentido que devem ser tomadas as observações que se seguem.

"A sociedade, escrevia Hertz, vê na perda de seus membros...". Algo nos choca nessa frase, nessa maneira tão durkheimiana de elevar a Sociedade ao status de Sujeito. Está fora de moda, e no entanto que boa época aquela em que podíamos, nós, antropólogos, e o ocidente em geral, postular a existência de uma totalização dada a priori. Se tudo isso está morto e enterrado uma primeira vez, as duplas exéquias que assinalam uma renovação ainda não tiveram lugar no entanto, e alguns ainda se debatem em um luto interminável que não mais permite falar antropologia.

Aquilo a que se chamava "cultura" e cujo sujeito era "a Sociedade" se dissolveu. Devemos entender que não existe sistema algum exceto aquele que o antropólogo ingênuo projeta? Anne-Christine Taylor (1995), em uma análise muito sutil e fecunda em que desenvolve idéias de Maurice Bloch (1992), entre outros, ressaltou a existência de teorias implícitas compartilhadas, fundadas sobre uma circularidade de premissas e de práticas que, sem jamais serem expressas em um discurso (a não ser no do antropólogo), na medida em que fazem referência umas às outras, se tornam de algum modo "evidentes". A construção dessas sinapses, dessas relações de evidência e de reforço recíproco, produziria,

na sociedade, essa síntese particular que é uma cultura. Contudo ¾ e Anne-Christine Taylor (1995:213, nota 4) põe o dedo na questão ¾, que garantia existe de que essas relações se integrem e de que haja coerência relativa entre pontos de vista separados? Tentarei mostrar que essa preocupação não é apenas antropológica, mas inerente a todos os problemas de tradução, onde quer que se coloquem.

Gostaria de abordar aqui esses temas a partir de um fenômeno que, embora antigo, ainda se nos afigura como um paradoxo.

ESPERO TER AJUDADO

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