(FUVEST) Leia o trecho para responder ao teste."Fizeram alto. E Fabiano depôs no chão parte da carga, olhou o céu, as mãos em pala na testa. Arrastara-se até ali na incerteza de que aquilo fosse realmente mudança. Retardara-se e repreendera os meninos, que se adiantavam, aconselhara-os a poupar forças. A verdade é que não queria afastar-se da fazenda. A viagem parecia-lhe sem jeito, nem acreditava nela. Preparara-a lentamente, adiara-a, tornara a prepará-la, e só se resolvera a partir quando estava definitivamente perdido. Podia continuar a viver num cemitério? Nada o prendia àquela terra dura, acharia um lugar menos seco para enterrar-se. Era o que Fabiano dizia, pensando em coisas alheias: o chiqueiro e o curral, que precisavam conserto, o cavalo de fábrica, bom companheiro, a égua alazã, as catingueiras, as panelas de losna, as pedras da cozinha, a cama de varas. E os pés dele esmoreciam, as alpercatas calavam-se na escuridão. Seria necessário largar tudo? As alpercatas chiavam de novo no caminho coberto de seixos." (Vidas secas, Graciliano Ramos) Questão: Assinale a alternativa incorreta:
( )O trecho pode ser compreendido como suspensão temporária da dinâmica narrativa, apresentando uma cena "congelada", que permite focalizar a dimensão psicológica da personagem.
( )Pertencendo ao último capítulo da obra, o trecho faz referência tanto às conquistas recentes de Fabiano, quanto à desilusão do personagem ao perceber que todo seu esforço fora em vão.
( )A resistência de Fabiano em abandonar a fazenda deve-se à sua incapacidade de articular logicamente o pensamento e, portanto, de perceber a gradual mas inevitável chegada da seca.
( )A expressão "coisas alheias" reforça a crítica, presente em toda obra, à marginalização social por meio da exclusão econômica.
( )As referências a "enterro" e "cemitério" radicalizam a caracterização das "vidas secas" do sertão nordestino, uma vez que limitam as perspectivas do sertanejo pobre à luta contra a morte.
Respostas
Resposta: A resistência de Fabiano em abandonar a fazenda deve-se à sua incapacidade de articular logicamente o pensamento e, portanto, de perceber a gradual mas inevitável chegada da seca.
O trecho corresponde à incerteza da personagem em abandonar o seu habitat, embora houvesse o empecilho da seca (C).
Vidas Secas, obra de Graciliano Ramos, representa o período literário brasileiro chamado "Regionalismo".
A partir da década de 1930, a literatura brasileira passou por uma metamorfose: o tema dos escritores brasileiros se tornou a problemática do país.
Com um certo pessimismo nas análises da nação e, ao mesmo tempo, evidenciando as mazelas sociais, como: a fome, a desigualdade social e a injustiça, escritores como Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz e João Cabral de Melo Neto iniciaram seu percurso literário.
Nesse sentido, o enredo dos poemas, das crônicas, do cinema e da prosa fixou-se no regionalismo, deixando de lado a evidência da cultura europeia no Brasil e ressaltando as manifestações típicas brasileiras.
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