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Durante quase meio século, de 1870 a 1920, a produção de borracha na Amazônia é uma das mais importantes atividades econômicas do país.
Envolvendo cerca de 100 mil pessoas, em grande parte nordestinos retirantes das grandes secas da década de 1870, a exportação do látex amazônico chega a atingir médias anuais de 40 mil toneladas, enviadas para os Estados Unidos e para a Europa.
Grandes bancos, empresas de comércio e companhias de navegação inglesas, francesas e norte-americanas instalam agências em Belém e Manaus, algumas delas centralizando seus negócios no Brasil e na América do Sul.
A prosperidade e a modernização exibidas por essas duas cidades, com seus teatros, cafés, palacetes, lojas, bondes, telefones e luz elétrica, são resultado da combinação da riqueza natural da floresta com o avanço da revolução industrial.
Os milhões de seringueiras nativas concentradas na Amazônia Ocidental, sobretudo nas áreas que viriam a constituir o estado do Acre, representam uma imensa fonte de goma elástica. E a aceleração da indústria automotiva, a partir da invenção do motor a combustão e dos pneus de borracha vulcanizada, cria um enorme mercado consumidor dessa matéria-prima.
Juntando as duas pontas do processo estão os milhares de seringueiros, com sua mão-de-obra barata, e os agenciadores; os coronéis donos das terras; os regatões, arrendatários dos seringais e transportadores do produto; e as empresas exportadoras.
A riqueza da borracha parece ilimitada, e a modernidade da belle époque chega à selva. Mas, logo após a I Guerra Mundial (1914-1918), notam-se sinais de rápido declínio.
O consumo mundial diminui momentaneamente e, o mais grave, começa a ser suprido por países da Ásia, para onde a seringueira fora levada clandestinamente por grupos ingleses.
A Amazônia fica sem o monopólio dessa matéria-prima e, com isso, perde o interesse para os grandes investimentos e empreendimentos capitalistas internacionais, entrando então num processo de decadência econômica.