Respostas
A população brasileira permaneceu anestesiada com a dureza do Plano Collor, muito provavelmente porque o novo governo estava apenas no início e muitos ainda acreditavam no sucesso do presidente. Tudo mudou quando as denúncias de corrupção envolvendo Collor começaram a ser veiculadas. Os boatos começaram a aparecer na mídia já em 1990, mas, em maio de 1992, uma denúncia realizada pelo próprio irmão do presidente, Pedro Collor, estarreceu o Brasil. Na ocasião, o presidente foi acusado de estar envolvido diretamente com esquemas de corrupção ligados ao tesoureiro de sua campanha, PC Farias. Nesse esquema, Collor teria sido o grande beneficiário, arrecadando por volta de 60 milhões de dólares de maneira ilícita. Esse dinheiro era originário de esquemas de trocas de favores, recebimento de propina para nomeações em cargos públicos, entre outras situações. Por causa das denúncias, os grandes partidos brasileiros (PT, PSDB e PMDB) juntaram-se e convocaram uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI).
Essa CPMI era responsável por investigar as ações de PC Farias e tentar identificar as relações dela com o presidente. Com o tempo, a investigação ganhou força e passou a defender o impeachment do presidente. O presidente procurou resguardar-se obtendo o apoio de 1/3 do Congresso e fazendo declarações intimidatórias. Ele convocou a população para ir às ruas em sua defesa, mas a resposta popular foi diferente do que ele imaginava.
O segundo semestre de 1992 ficou marcado pelas manifestações dos caras-pintadas. Milhares de cidadãos foram às ruas, vestiram-se e pintaram-se de verde e amarelo para protestar contra Collor, enquanto outros preferiam usar preto. O coro popular exigia o afastamento do presidente de suas funções.