Como Lima Barreto Descreve sua rua no passado e o que ele insinua em relação ao investimento da prefeitura para as devidas melhorias?
TEXTO
Vê-se bem que a principal preocupação do atual governador do Rio de Janeiro é dividi-lo em duas cidades: uma será europeia e a outra, a indígena. [...] Todo o dia, pela manhã, quando vou dar o meu passeio filosófico e higiênico, pelos arredores da minha casa suburbana, tropeço nos caldeirões da rua principal da localidade de minha residência, rua essa que foi calçada há bem cinqüenta anos, a pedregulhos respeitáveis [...] Lembro-me dos silhares dos caminhos romanos e do asfalto com que a Prefeitura Municipal está cobrindo os areais desertos de Copacabana [...] Por que será que ela não reserva um pouquito dos seus cuidados para essa útil rua das minhas vizinhanças, que até é caminho de defuntos para o cemitério de Inhaúma? [...] Municipalidades de todo o mundo constroem casas populares; a nossa, construindo hotéis chics, espera que, à vista do exemplo, os habitantes da Favela e do Salgueiro modifiquem o estilo das suas barracas. Pode ser...
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Lima Barreto, importante autor brasileiro, descrevia, de modo geral, a República brasileira como um sistema de aparências, que não atendia de modo algum ao interesse público e que servia para perpetuar no poder as elites latifundiárias brasileiras, vendo as ações do governo sempre como formas interesseiras de beneficiar a si mesmo em detrimento da vontade popular.
Neste trecho em específico ressalta a existência de "duas cidades", uma com a qual o governo se importava, a "cidade branca", e outra onde vivia a maior parte da população, e que se desenvolvia às margens da sociedade, sem apoio governamental, a "cidade indígena".
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