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O desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias costumam impactar de forma positiva diversas áreas as quais podem ser aplicadas. Com a Cartografia não foi diferente.
Com o advento de computadores e equipamentos mais precisos em medição de distâncias, como satélites poderosos, os profissionais da área passaram a ter ferramentas melhores para a coleta e o processamento de dados geográficos, tornando a confecção de mapas mais precisa e certeira (mas não mais fácil).
Para falar sobre como e de que forma os avanços tecnológicos e a disseminação e a popularização de softwares impactou a ciência cartográfica, convidamos os autores do mais recente lançamento da Oficina de Textos, Roteiro de Cartografia, Paulo Márcio Leal de Menezes e Manoel do Couto Fernandes. Confira:
“A Cartografia foi uma das áreas do conhecimento que mais foi impactada com o desenvolvimento científico e tecnológico, principalmente no que há ligação com a eletrônica e a computação. Podemos dizer que até a década de 60 do século passado, a Cartografia e seus processos eram clássicos. O desenvolvimento e o aperfeiçoamento dos equipamentos que viriam a permitir a medição eletrônica de distâncias inicia esta interação, e, em seguida, as primeiras aplicações em computadores eletrônicos, os quais, mesmo rudimentares – comparando-se com o que temos hoje em dia -, permitiam as primeiras visualizações gráficas de informações, bem como suas aplicações em sistemas de bancos de dados. Se pode afirmar, então, que a eletrônica e a computação foram os maiores avanços tecnológicos que trouxeram novos paradigmas à Cartografia.
Hoje é realmente difícil se falar em Cartografia e dissocia-la de computadores, hardwares e softwares dedicados. Como resultado desse avanço, em princípio, nota-se uma popularização da Cartografia, e isso tem o seu lado bom e foi importante para sua disseminação, pois, fechada em torno de estruturas clássicas de obtenção da informação, seu tratamento e disseminação, todos esses processos passaram a ser de um relativo fácil acesso. Em outras palavras, quem possuísse computador, programa, GPS e outros equipamentos, transformava-se rapidamente em um “cartógrafo”, gerando produtos pelo menos bonitos em aparência. Nunca foram gerados tantos mapas. Nunca a Cartografia produziu tanto. Hoje o acesso a dados geográficos é muito mais fácil. O lado ruim, porém, é que essa abundância de mapas, muitas vezes, acaba por disponibilizar documentos de baixa qualidade.
O que parecia ser fácil, o trabalho elaborado pela Cartografia Digital, pode não ser, pois são necessários padrões específicos, baseados nas Infraestruturas de Dados Espaciais, referindo-se ao conjunto integrado de tecnologias, padrões, políticas, arranjos institucionais e recursos humanos, imprescindíveis para facilitar a disponibilização, o acesso e o uso de dados e informações geoespaciais. Sem isso, é possível que haja sérios problemas relacionados à integração das informações e ao desperdício de investimento pela não interoperabilidade e pelo não compartilhamento de informações.
Apesar da forma com que a ciência computacional reformulou os processos cartográficos, os procedimentos em si não se constituem em novos paradigmas, sendo necessários que os conceitos continuem cada vez mais presentes, pois o seu desconhecimento implicará em representações. Acredita-se que o nível de sofisticação dos softwares exige um mínimo do conhecimento cartográfico por parte de seus usuários, e, por isso, felizmente, existe uma tendência para a busca deste conhecimento.”