Naquela época não tinha maquinaria, meu pai trabalhava na enxada. Meu pai era de Módena, minha mãe era de Capri e ficaram muito tempo na roça. Depois a família veio morar nessa travessa da avenida Paulista; agora está tudo mudado, já não entendo nada dessas ruas.
Esse trecho de um depoimento de um descendente de imigrante, transcrito na obra Memória e Sociedade, de Ecléa Bosi, constitui um documento importante para a análise:
A.
Do processo de crescimento urbano paulista no início do século atual, que desencadeou crises constantes entre fazendeiros de café e indústrias.
B.
Da imigração européia para o Brasil, organizada pelos fazendeiros de café, nas primeiras décadas do século XX, com base em contratos de trabalho conhecidos como "sistemas de parceria".
C.
Da imigração italiana, caracterizada pela contratação de mão-deobra estrangeira para a lavoura cafeeira, e do posterior processo de migração e de crescimento urbano de São Paulo.
D.
Da crise da produção cafeeira da primeira década do século XX, que forçou os fazendeiros paulistas a desempregarem milhares de imigrantes italianos, acelerando o processo de industrialização.
Respostas
Resposta:
C.
Da imigração italiana, caracterizada pela contratação de mão-deobra estrangeira para a lavoura cafeeira, e do posterior processo de migração e de crescimento urbano de São Paulo.
Alternativa c) "Da imigração italiana, caracterizada pela contratação de mão-de-obra estrangeira para a lavoura cafeeira, e do posterior processo de migração e de crescimento urbano de São Paulo".
No final do século XIX, com a abolição da escravatura, implementou-se o projeto de trazer mão de obra estrangeira para o país, já que as lavouras de café precisariam de trabalhadores livres.
O projeto imigrantista, também teve como intuito, de acordo com os parlamentares da época, de "civilizar" esta nação a partir dos costumes europeus desses novos trabalhadores, que encontraram aqui no Brasil alguns subsídios do governo, para facilitar a sua estadia.
Inicialmente os trabalhadores europeus, em sua maioria italianos, ocuparam as lavouras cafeicultoras, mas no início do século XX, com o processo de industrialização brasileiro, passaram a ocupar os grandes centros urbanos.
Tanto é que, nesse período 90% dos operários paulistas eram de origem italiana, razão pela qual tiveram forte influência nos movimentos operários que se seguiram, neste século.
A influência desse intenso fluxo imigratório italiano nos séculos XIX e XX, reflete na composição da população nacional que conta com muitos descendentes de italianos, localizados principalmente no sul e sudeste do país.
De acordo com o último censo do IBGE os ítalo-brasileiros somam 10% da população.
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