Fernando Pessoa considera que valeu a pena fazer as Grandes Navegações. Quais vantagens Portugal obteve ao realizar as viagens marítimas entre os séculos XV e XVI
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A economia europeia, abalada pelos graves efeitos da crise do século XIV, ressentia-se da falta de mão de obra, da queda da produção agrícola e do esgotamento das reservas de ouro e prata para cunhagem de moedas. Atingidos em cheio pelos desastrosos efeitos da Peste Negra e da Guerra dos Cem Anos, os países do centro europeu encontravam-se momentaneamente paralisados e o cenário econômico do século XV parecia dominado pela falta de perspectiva de crescimento interno.
Para Portugal, parecia natural buscar as soluções para tais problemas fora do âmbito do continente. Uma investida ao norte da África abriria várias possibilidades e atenderia a outras demandas do reino. O estabelecimento de uma base portuguesa na região poderia significar o acesso ao ouro sudanês e ao etíope, ou a interseção com as rotas comerciais do deserto, fornecedoras de marfim e pimenta.
Com esses produtos, a burguesia lusa poderia ampliar sua área de atuação, passando do tráfico de pescado, vinho e sal para transações maiores e mais lucrativas, arriscando uma primeira participação no ramo dos artigos de luxo do mercado europeu. Daí o incondicional apoio dos comerciantes que, juntamente com o Estado, também viam no Noroeste da África um ponto estratégico importante para a melhor defesa do reino e para um combate mais eficaz à pirataria moura nas costas do Atlântico, o que ampliaria o raio de ação da atividade pesqueira.
Além dessas expectativas econômicas, o Estado pretendia dar nova ocupação à nobreza, abrindo-lhe a possibilidade de novos embates, que rapidamente seriam associados à antiga hostilidade contra o infiel. O caráter militar da empresa desviaria para fora do reino o ímpeto bélico de fidalgos e cavaleiros, até então constantemente envolvidos em distúrbios internos e perigosos conflitos na fronteira. A vitória em novas batalhas poderia render saques, terras, mercês e honrarias.