• Matéria: Português
  • Autor: JoaoLucasLR
  • Perguntado 6 anos atrás

ME AJUDEM POR FAVOR É PARA ENTREGAR HOJE
Duzentas gramas
Tenho um amigo que fica indignado quando peço na padaria “duzentas” gramas de presunto – já que a forma correta, insiste ele, é duzentos gramas. Sempre discutimos sobre os diferentes modos de falar. Ele argumenta que as regras de pronúncia e de ortografia, já que existem, devem ser obedecidas, e que os mais cultos (como eu, um cara que traduz livros) devem insistir na forma correta, a fim de esclarecer e encaminhar gente menos iluminada.
Eu sempre argumento que, quando ele diz que só existe uma forma correta de falar, está usurpando um termo de outro ramo, que está tentando aplicar a ética à gramática, como se falar corretamente implicasse algum grau de correção moral, como se dizer “duzentas” significasse incorrer numa falha de caráter, e dizer duzentos gramas fosse prova de virtude e integridade. Ele vem então com aquela de que se pode desculpar a moça da padaria quando fala “duzentas”, pois ela desconhece a norma culta, mas quanto a mim, que a domino, demonstro uma falha de caráter ao ignorá-la em benefício dos outros – só para evitar o constrangimento de falar diferente. “Quem sabe fazer o bem e não o faz comete pecado” – parece concluir.
Eu reconheço, sim, que falo de forma diferente dependendo de quem seja meu interlocutor. Às vezes uso deliberadamente formas como “tentêmo” ou “vou ir”. Pelo mesmo motivo, todas as gírias e dialetos locais me interessam. Não que – por exemplo – a decisão de dizer “duzentas” gramas seja consciente, uma premeditação em favor da inclusão social. É que, algumas vezes, a coisa certa a se fazer – sobretudo na linguagem falada – é ignorar a norma, ou pervertê-la. Quando peço “duzentas gramas de presunto, por favor”, a moça da padaria invariavelmente repete, como que para extorquir minha profissão de fé à norma inculta:
− DUZENTAS?
− Duzentas, confirmo eu, já meio arrependido, mas caindo, ainda assim, em tentação.
(Paulo Brabo. A bacia das almas.)

a) Em situações formais de interação verbal/interlocução, é recomendável que seja utilizada a linguagem culta (norma-padrão da língua portuguesa).

b) Mesmo dominando a linguagem culta (norma-padrão), os usuários das línguas devem selecionar os níveis de linguagem considerando o contexto discursivo e o nível de formalidade entre os interlocutores.
c) A linguagem coloquial é empregada em situações informais, com os amigos, familiares e em ambientes e/ou situações em que o uso da norma culta da língua possa ser dispensado.
d) A linguagem coloquial é mais utilizada oralmente e, pelo fato de ser utilizada em nosso dia a dia, não requer a perfeição em termos gramaticais.
e) A existência de diferentes níveis de linguagem não significa que podemos utilizar sempre a linguagem coloquial, já que sempre prevalecerá a língua padrão em quaisquer situações comunicativas.

Respostas

respondido por: camilaserra
4

Resposta:

Letra E:

Embora haja certa valorização histórico-cultural da linguagem culta em detrimento da linguagem coloquial, não é possível afirmar que a primeira é ou deve ser mais utilizada do que a segunda, já que a opção pelo nível de linguagem depende do contexto discursivo e da relação estabelecida entre os interlocutores do discurso.


JoaoLucasLR: mt obrigado
respondido por: gomesferreirad11
1

Resposta:

Explicação:

Letra E:

Embora haja certa valorização histórico-cultural da linguagem culta em detrimento da linguagem coloquial, não é possível afirmar que a primeira é ou deve ser mais utilizada do que a segunda, já que a opção pelo nível de linguagem depende do contexto discursivo e da relação estabelecida entre os interlocutores do discurso.

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