Literatura: Romantismo no Brasil teve como marco inicial a publicação do livro de poemas de Gonçalves de Magalhães (1811-1882), intitulado "Suspiros poéticos e saudades", em 1836. Esse período é caracterizado por manifestações culturais, artísticas e literárias iniciadas na Europa no século XVIII. O principal autor dessa fase da prosa romântica no Brasil é José de Alencar (1829-1877). Alencar escreveu O Guarani, Iracema e Ubirajara no estilo de prosa romântica nacionalista. O Guarani é uma das obras mais destacadas do escritor José de Alencar. Esse romance de caráter indianista foi publicado em 1857 durante a primeira fase do Romantismo no Brasil.
Capitulo X
AO ALVORECER
No dia seguinte, ao raiar da manhã, Cecília abriu a portinha do jardim e aproximou-se da cerca.
— Peri! Disse ela. O índio apareceu à entrada da cabana; correu alegre, mas tímido e submisso. Cecília sentou-se num banco de relva; e a muito custo conseguiu tomar um arzinho de severidade, que de vez em quando quase traia-se por um sorriso teimoso que lhe queria fugir dos lábios. Fitou um momento no índio os seus grandes olhos azuis com uma expressão de doce repreensão; depois disse-lhe em um tom mais de queixa do que de rigor:
— Estou muito zangada com Peri! O semblante do selvagem anuviou-se.
— Tu, senhora, zangada com Peri! Por quê?
— Porque Peri é mau e ingrato; em vez de ficar perto de sua senhora, vai caçar em risco de morrer! Disse a moça ressentida.
— Ceci desejou ver uma onça viva!
— Então não posso gracejar? Basta que eu deseje uma coisa para que tu corras atrás dela como um louco?
— Quando Ceci acha bonita uma flor, Peri não vai buscar? Perguntou o índio.
— Vai, sim.
— Quando Ceci ouve cantar o sofrer, Peri não o vai procurar?
— Que tem isso?
— Pois Ceci desejou ver uma onça, Peri a foi buscar. Cecília não pôde reprimir um sorriso ouvindo esse silogismo rude, a que a linguagem singela e concisa do índio dava uma certa poesia e originalidade. Mas estava resolvida a conservar a sua severidade, e ralhar com Peri por causa do susto que lhe havia feito na véspera.
— Isto não é razão, continuou ela; porventura um animal feroz é a mesma coisa que um pássaro, e apanha-se como uma flor?
— Tudo é o mesmo, desde que te causa prazer, senhora.
— Mas então, exclamou a menina com um assomo de impaciência, se eu te pedisse aquela nuvem?... E apontou para os brancos vapores que passavam ainda envolvidos nas sombras pálidas da noite.
— Peri ia buscar.
— A nuvem? Perguntou a moça admirada.
— Sim, a nuvem. Cecília pensou que o índio tinha perdido a cabeça; ele continuou:
— Somente como a nuvem não é da terra e o homem não pode tocá-la, Peri morria e ia pedir ao Senhor do céu a nuvem para dar a Ceci. Estas palavras foram ditas com a simplicidade com que fala o coração. A menina que um momento duvidara da razão de Peri, compreendeu toda a sublime abnegação, toda a delicadeza de sentimento dessa alma inculta. A sua fingida severidade não pôde mais resistir; deixou pairar nos seus lábios um sorriso divino.
— Obrigada, meu bom Peri! Tu és um amigo dedicado; mas não quero que arrisques tua vida para satisfazer um capricho meu; e sim que a conserves para me defenderes como já fizeste uma vez.
— Senhora, não está mais zangada com Peri?
— Não; apesar de que devia estar; porque Peri ontem fez sua senhora afligir-se cuidando que ele ia morrer.
— E Ceci ficou triste? Exclamou o índio.
— Ceci chorou! Respondeu a menina com uma graciosa ingenuidade.
— Perdoa, senhora!
— Não só te perdoo, mas quero também fazer-te o meu presente. Cecília correu ao seu quarto e trouxe o rico par de pistolas que havia encomendado a Álvaro. — Olha! Peri não desejava ter umas?
— Muito! — Pois aqui tens! Tu não as deixarás nunca porque são uma lembrança de Cecília, não é verdade?
— Oh! O sol deixará primeiro a Peri, do que Peri a elas.
— Quando correres algum perigo, lembra-te que Cecília as deu para defenderem e salvarem a tua vida.
— Por que é tua, não é, senhora?
— Sim, porque é minha, e quero que a conserves para mim. O rosto de Peri irradiava com o sentimento de um gozo imenso, de uma felicidade infinita; meteu as pistolas na cinta de penas e ergueu a cabeça orgulhoso, como um rei que acabasse de receber a unção de Deus. Para ele essa menina, esse anjo louro, de olhos azuis, representava a divindade na terra; admirá-la, fazê-la sorrir, vê-la feliz, era o seu culto; culto santo e respeitoso em que o seu coração vertia os tesouros de sentimentos e poesia que transbordavam dessa natureza virgem.
9 — De acordo com a segunda fase do romantismo, leia o capítulo X da obra O Guarani, de Alencar, em seguida, faça uma análise e aponte três características principais dessa fase. *
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amigo me descupa se você nos der uma fonte mais explicativa por exemplo mandar um link do seu livro e indicar a página séria mais fácil para nós
larimasi:
eu nao tenho
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