• Matéria: Português
  • Autor: rechzinha
  • Perguntado 6 anos atrás

Houve um tempo em que não havia muros na esquina da Plácido de Castro com a Pedro Tomasi. A grande fábrica repercutia em noites solitárias, em que o céu testemunhava o vazio das ruas. Improvável, a multidão; era só o barulho das máquinas e fuligem das chaminés. Dormia a vizinhança e o horizonte prevalecia nos quatro pontos cardeais.

A caminhada se dava sem razão aparente, como a banalidade das coisas que constituem as histórias individuais. Não havia preocupação com tiros ou encontros desagradáveis, mesmo com a fraca iluminação – as árvores não tinham galhos dilacerados e as folhas, ainda que empoeiradas, estavam ao alcance das mãos.

A imaginação acelerava. Pequenos sonhos construídos, objetos voadores confundiam-se com estrelas, versos, fragilmente memorizados, eram depois registrados nos guardanapos, em ilhas no oceano urbano.

Houve a lembrança e a poesia. Mas, por esses dias, a olhar pela janela, às vezes vejo calçadas vazias e a fábrica faz tempo que deixou de jogar fuligem sobre as roupas. Tirante o lirismo da cena, estabelecida a confusão entre o direito de ir e vir como direito de liberdade, embora não absoluto, e a consciência coletiva, humanitária, as calçadas repentinamente voltam a ser ocupadas, marcadas com o que, logo mais, poderão ser manchas em nossas memórias, não aquelas manchas que sugeriam histórias no entorno da grande fábrica, mas talvez situações que se mostrem irrecuperáveis; outras, que terão que ser curadas.

Houve, então, aquele tempo em que não existiam muros, e encontrar alguém, mesmo numa rua de pouco movimento, era uma alegria. Agora, diante de mentiras, traições e juízos falsos, tudo volta a ocorrer como uma queda de braço entre o que se instala como real e o que é ilusão, mesmo que, logo ali na esquina, esta deixe de ser identificada como tal. Ao contrário do erro.

Nesse cenário de dor, desvalorização da ciência e da verdade, temo que estejamos errando e sendo enganados. Da janela, vejo as calçadas vazias... e, entre todas as possibilidades que imaginei para o futuro, a ignorância não fazia parte.

(ESCRITO POR Dinarte Albuquerque Filho)



ATIVIDADE:



b) Nos três primeiros parágrafos, o narrador descreve como a cidade era no passado (não definido exatamente). Como ele se sentia?

c) A partir do quarto parágrado, o narrador começa a fazer uma relação com o momento presente. E traça um paralelo entre passado e presente. Como é este presente? Como o narrador se sente?


PFVVV PRECISO PRA AMANHA​

Respostas

respondido por: as1796370
1

Resposta:

b) Ele se sentia feliz,pois ainda a cidade não era tão poluída.

c)O presente era sem graça e com muita ignorância,e ele se sentia triste, pois essa ignorância não fazia parte do futuro que ele tinha imaginado.


rechzinha: muitoo obrigadaaa
as1796370: De nada!
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