Faça uma comparação das brincadeiras do passado com as atuais/virtuais. Com
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A tecnologia faz parte da vida das pessoas desde criança. Passar muito tempo em frente à TV, computador ou via redes sociais é fato. No entanto, com esses novos entretenimentos aliados à insegurança, as antigas brincadeiras estão cada vez mais esquecidas. Quem tem mais de 40 ou 50 anos de idade, sabe bem o que é juntar a turma da rua, da escola para pular amarelinha, jogar pião, queimada, disputar uma partida de bila, esconde-esconde, polícia-ladrão e tantas outras brincadeiras que fizeram parte da formação de tantas gerações.
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A microempresária Maria de Lourdes Silveira conta que aprendeu a pular corda 20 vezes sem errar com a irmã mais velha, Titinha. "Ainda hoje, na nossa casa, procuro as marcas, os riscos no chão de algumas dessas atividades maravilhosas e que juntavam a todos da redondeza, sem preconceito de nenhum tipo. Ali, a gente podia tudo de lúdico e como era fácil ser feliz", rememora.
Aos poucos, porém, essas brincadeiras de rua foram sendo esquecidas pela garotada. "Antigamente, os pequenos se divertiam em espaços públicos e em convivência com várias crianças. Mas com as transformações observadas na sociedade esses locais foram sumindo e os meninos e meninas passaram a ficar mais com os brinquedos tecnológicos do que com os amiguinhos. Até para comida, o negócio é teclar no celular, pedir e nem precisa falar com ninguém", analisa a socióloga Selma Maria Carvalho.
As distâncias, aponta, entre as antigas brincadeiras de infância e as novas estão se tornando cada vez maiores. "É preciso equilíbrio, até porque o brincar é essencial para o desenvolvimento das crianças", afirma.
Resgate
Apesar da realidade atual, especialistas, como o coordenador do Laboratório de Brinquedos e Jogos, da Universidade Federal do Ceará (UFC), Marcos Teodorico Almeida, defendem a sua permanência no cotidiano infantil. "O brincar socializa, resgata as tradições culturais, costumes e crenças de uma determinada época e comunidade", diz. Além disso, promove a participação, o desenvolvimento pessoal, a consciência grupal, derruba obstáculos de separação e prepara as crianças com o objetivo de crescerem abertas para o mundo e a vida.
O pesquisador também coordena o Museu da Infância e do Brinquedo (MIB), instalado na Casa José de Alencar, e a Brinquedoteca que tem entre seus objetivos, a formação acadêmica de alunos da UFC e atende a demandas de escolas e comunidades. "Com o jogo, a brincadeira e o brinquedo a criança explora, avalia, compara e se interessa pela vida. Através do brincar, ela pode ser um adulto consciente, equilibrado, feliz, afetivo, interativo, inteligente e com um repertório de experiências significativas", salienta o professor Marcos Teodorico.
Além disso, destaca ele, conforme pesquisas, crianças que brincam são mais criativas e as que se divertem em grupo têm menos problemas de ajuste social quando chegam à idade adulta.
A importância das brincadeiras mais antigas também é foco de interesse do Programa de Alfabetização na Idade Certa (Paic), da Secretaria de Educação do Estado do Ceará (Seduc). A coordenadora do eixo da infância, Benildes Uchoa, explica que não existe nada sistematizado, entretanto, o trabalho realizado em parceria com os municípios inclui essas atividades como instrumentos para o aprendizado de crianças de 3 a 7 anos de idade. "Elas são veículos de conhecimento, de interação, de mecanismos de apreensão e de identidade. É claro que interagir com as novas tecnologias é importantes, mas sem esquecer o lúdico", frisa.