• Matéria: História
  • Autor: tokyoplague76
  • Perguntado 6 anos atrás

Quais são as tensões atuais em relação ao Genocídio Armênio?

Respostas

respondido por: edmaster
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Resposta:

O enredo é conhecido e atualíssimo: um governo em crise escolhe um culpado que, uma vez eliminado, possibilita a volta da prosperidade.

Em 24 de abril de 1915, o Império Otomano em crise econômica e geopolítica autoriza a prisão e execução de intelectuais e líderes armênios sob o pretexto de evitar supostos levantes separatistas.

As perseguições e assassinatos duraram até 1923, com uma estimativa de 1,5 milhões de armênios mortos pelo governo otomano.

Conversamos com Sarkis Ampar Sarkissian, professor da área de extensão em Armênio do Departamento de Letras Orientais da FFLCH e pesquisador do assunto, que explicou o contexto histórico do Genocídio Armênio.

Serviço de Comunicação Social: Poderia explicar em linhas gerais qual era contexto histórico e as motivações em que se desenrolou o genocídio?

Sarkis Ampar Sarkissian: A crise econômica provocada pela perda dos Bálcãs, somada às pressões por reformas e melhores condições das minorias, interesses financeiros das potências credoras do Império Otomano, além do aumento das tensões com o Império Russo e instabilidade interna tornaram terreno fértil para a propagação e implantação de uma ideologia nacionalista apoiada no fanatismo religioso que visava aniquilar qualquer voz contrária que servisse de pretexto para uma intervenção externa, como ocorrido anteriormente na Questão Balcânica.

Neste contexto, o panturquismo ajuda a diferenciar e estereotipar a minoria armênia como responsável pelas mazelas do império. Esta seria a solução mais rápida para a Questão Armênia.

Nos final do século XIX, o sultão Abdul Hamid II aproveita-se da radicalização presente na sociedade para conduzir massacres preventivos contra os armênios antes que um movimento separatista tomasse conta do seio do império, resultando no assassinato de aproximadamente 300 mil armênios.

Sob uma perspectiva reformadora, europeia e liberal, o Comitê União e Progresso liderado pelos Jovens Turcos angaria apoio das minorias que os viam como esperança de melhores condições de vida pela implementação de uma constituição e a instauração de um sistema parlamentarista frente ao absolutismo do sultão.

Deste modo, a deposição do sultão em meio à crise dos Bálcãs leva ao poder os Jovens Turcos. Porém, a ingerência do novo governo no interior do império tornou a convivência entre armênios e turcos cada vez mais tensas, desencadeando entre 15 e 20 mil mortos pelos conflitos com a participação do exército otomano que alimentavam ainda mais os ânimos de uma sociedade polarizada nos primeiros anos do século XX.

A partir de então, a política otomanista dos Jovens Turcos é substituída por um nacionalismo panturquista que visava resgatar o orgulho e a união dos povos turcos desde a Europa até a Anatólia e Ásia Central.

Assim, o Comitê União e Progresso se organiza paramilitarmente para oportunamente colocar em prática o plano genocida contra os armênios e o estopim da Primeira Guerra Mundial seria a oportunidade perfeita para esta solução final em meio à cortina de fumaça do conflito.

A entrada na Primeira Guerra Mundial ao lado dos Impérios Alemão e Austro-Húngaro tinha por objetivo vingar o apoio das potências à independência dos Bálcãs.

 

Serviço de Comunicação Social: Qual foi a reação da comunidade internacional da época? E por que o Genocídio Armênio é um assunto pouco conhecido no Brasil?

Sarkis Ampar Sarkissian: Um mês após o Império Otomano ter colocado em prática o plano de extermínio dos armênios, as Potências Aliadas (França, Grã-Bretanha e Rússia) utilizaram o termo “crime contra a humanidade” pela primeira vez na história para acusar um outro Estado de executá-lo.

Testemunhos como os do embaixador estadunidense em Constantinopla Henry Morgenthau, dos historiadores britânicos Arnold J. Toynbee e James Bryce, da missionária dinamarquesa Maria Jacobsen, do médico e soldado alemão Armin T. Wegner e do casal de missionária e físico estadunidenses Elizabeth e Clarence Ussher são alguns dos que denunciaram e  repercutiram as atrocidades cometidas contra os armênios, mobilizando a opinião pública internacional em campanhas de ajuda humanitária como a Cruz Vermelha Internacional e o American Committee for Armenian and Syrian Relief.

Explicação:

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