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Atualmente, os processos de regularização fundiária para comunidades indígenas no Brasil geram novos espaços de interação entre as populações tradicionais e setores da sociedade majoritária. No caso dos indígenas Guarani no sul do país, alguns episódios conflituosos demonstram a necessidade de um melhor diálogo intercultural, pois se evidencia uma compreensão ainda insuficiente por parte dos não índios sobre a forma Guarani de pensar a ocupação territorial e de gerenciar o uso dos recursos disponíveis. Visando contribuir nessa questão, a presente dissertação analisou o sistema de ocupação e gestão territorial de indígenas Mbya-Guarani e a sua dinâmica de adaptação no contexto atual. Com um enfoque qualitativo, a pesquisa se desenvolveu em várias aldeias Guarani em Santa Catarina, através de entrevistas semi-estruturadas a vários informantes chave. Além disso, o estudo do processo de formação da aldeia indígena Itanhaen, localizada no município catarinense de Biguaçu, permitiu analisar a dinâmica de ocupação e adaptação. No decorrer da pesquisa se observaram no Estado comportamentos preconceituosos e xenofóbicos em contra de vários grupos Guarani, fruto do desconhecimento generalizado e a desinformação preponderante na mídia do Estado. Assim mesmo, a pesquisa retratou uma enorme capacidade de adaptação do sistema de organização territorial guarani que, mantendo seus princípios cosmológicos que definem sua identidade, flexibilizam seu padrão de ocupação territorial de forma criativa. No fim, conseguiu-se esboçar um modelo Guarani de ocupação do espaço e de gerenciamento dos recursos disponíveis, permitindo definir elementos que contribuem ao diálogo entre sistemas de gestão no uso dos recursos naturais, visando à consolidação de sistemas mais duradouros.