Na crônica de Antonio Prata, escrita em janeiro de 2010, o pai, depois de fazer muitas críticas, desabafou: “Ainda
bem que em dois, três anos, ninguém mais vai ter telefone fixo!”.
O texto que você vai ler agora é também uma crônica sobre telefones, publicada seis anos depois, em agosto
de 2016.
Atentando a todos os detalhes, faça uma leitura silenciosa.
Uma crônica sobre o tempo, o celular e a nossa realidade
1 A cena se repete todos os dias e todas as horas. Do momento em que acordo até o minuto antes de eu dormir.
O cenário vai mudando, mas a ação não.
2 Entro no metrô, na Avenida Paulista, na sala de aula ou em qualquer outro lugar, e me deparo sempre com
algumas cabeças baixas reproduzindo freneticamente o mesmo ato que eu. Vejo vidas sendo orientadas pela
mesma luz retangular do smartphone que me orienta. Vidas movidas por outras vidas.
3 Ufa, pelo menos eu não sou a única que perdeu o botão de stop.
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Stop? Só posso estar louca. Essa palavra anda tão desatualizada que ela só ganha significado nas 7 horas de
sono, cronometradas pelo mesmo celular que me despertou. Isso se tivermos sorte!
5 Fora isso, praticamente nenhuma sociedade do século XXI tem tempo.
6 Estamos muito ocupados correndo atrás das demandas da rotina, tentando absorver parte do turbilhão de infor-
mações e imagens que recebemos por segundo. É corrido, eu sei. Então por que em nosso pouco tempo livre ficamos
presos diante de uma tela?
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7 Poderia ficar aqui citando inúmeras respostas, mas não chegaria à [sic] nenhuma conclusão. Além do mais,
os motivos são diversos e variam de pessoa para pessoa.
8 Porém, na semana passada escutei que “enquanto estamos no celular não estamos no nosso corpo” e foi, a
partir dessa simples frase, que refleti sobre o que eu acredito que seja o grande atrativo por trás desse aparelho:
o escapismo.
9 Pense em quantas realidades, mesmo que ilusórias, podemos entrar em apenas uma mexida no celular. Hoje
mesmo eu entrei em várias. No metrô, li uma notícia das olimpíadas e voei rapidinho para o Rio de Janeiro, onde
Thiago Braz acabara de ganhar ouro no salto com vara. Pouco tempo depois, vi o nascer do sol em Fernando
de Noronha andando pelo mar de concreto da Avenida Paulista. Na sala de aula, acompanhei vidas aleatórias
no Snapchat ou no Instagram que pareciam mais interessantes que a minha no momento. Nos outros lugares
a mesma coisa, só que em cenários diferentes.
10 E assim o nosso tempo voa em um piscar de olhos.
11 O quê? Já se passaram 3 horas?
12 Horas de ilusão, minutos de escapismo e vários likes de indiferença.
Geração que de tanta informação, já até perdeu o botão de stop.
13 Stop? Aquele que pausa o virtual e dá play na realidade?
14 Ninguém quer ele não.
CESAR, Laura. Disponível em:
.
Acesso em: 31 ago. 2017.
ATIVIDADE 2
1 Releia o início da crônica de Laura Cesar.
a) Quais são os substantivos que exercem a função de sujeito nas orações do primeiro parágrafo?
b) Com base na resposta ao item anterior, explique o recurso utilizado pela autora para provocar a curiosidade do leitor
nesses primeiros parágrafos.
Respostas
Olá, tudo bem?
O EXERCÍCIO É INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
Um bom interpretador de texto conhece as linhas e as entrelinhas que o autor escreveu.
VAMOS AO EXERCÍCIO
1 Releia o início da crônica de Laura Cesar.
a) Quais são os substantivos que exercem a função de sujeito nas orações do primeiro parágrafo?
CENA, EU (OCULTO), EU
b) Com base na resposta ao item anterior, explique o recurso utilizado pela autora para provocar a curiosidade do leitor Nesses primeiros parágrafos.
ELA NÃO FALA O QUE É A CENA POR UM BOM TEMPO, ENTÃO VOCÊ FICA IMAGINANDO DO QUE SE TRATA.
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Sucesso nos estudos!!!
Resposta:
atividade 2
1/ letra a) Os substantivos com função de sujeito são cena, cenário e ação
letra b) A autora evitou mencionar com clareza os componentes da cena - os celulares, as pessoas, a ação praticada por elas - dando, assim, um ar de mistério à descrição.
A primeira referência explícita ao aparelho celular só ocorre no final do segundo parágrafo, e só então a cena descrita no primeiro fica clara.