Com base na pandemia que estamos vivenciando de que forma ela afetará nos países europeus, em especial a Italia?
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Podemos dizer que esse momento afetará todos os países, economicamente falando, exceto a China, na qual se beneficiou na venda de suprimentos médicos pelo mundo. A parada da economia na Europa, principalmente Itália, foi drástica, foi extremamente rígida a questão de confinamento sendo a Itália a primeira decretar o isolamento na Europa. Há países mais afetados do que outros na Europa, sendo esse o maior medo, já que tais circunstancias colocam em perigo a unidade da União Europeia.
Desastres naturais ou tragédias humanas são combatidos por ações imediatas. Algumas vezes, esses acontecimentos geram reflexões e, ocasionalmente, mudanças. Até agora, porém, nenhuma calamidade, por terrível que tenha sido, alterou ao mesmo tempo aspectos sociais, econômicos e ambientais, os três pilares que definem o desenvolvimento sustentável, em escala global. A lista é grande: vai da explosão do reator da central nuclear de Chernobyl em 1986; passando pelos terremotos que arrasaram Porto Príncipe, no Haiti, em 2010, ou diversas cidades japonesas em 2011; até o atentado de 11 de Setembro, em 2001. Mesmo a chamada gripe espanhola, que, segundo diferentes estimativas, infectou metade da população do mundo e matou de 20 milhões a 100 milhões de pessoas em 1918, aconteceu numa época que nem sequer o rádio estava em uso e as medidas de saúde variavam de país para país.
Nada que se pareça ao que estamos vivendo com a propagação da covid-19, a primeira a atingir nossa aldeia global, interconectada por novas tecnologias eletrônicas, para ficar na famosa definição do pensador canadense Marshall McLuhan. O primeiro caso foi reportado no dia 31 de dezembro de 2019 na cidade chinesa de Wuhan. Pouco mais de três meses depois, o novo coronavírus já atingiu moradores de 203 países. Um monitoramento do instituto Johns Hopkins apontou no início de abril o número de 1,3 milhão de infectados, e mais de 74.000 mortes já foram registradas (até o fechamento desta edição da EXAME). O foco saiu da China e se espalhou pelo Ocidente. Até a segunda semana de abril, Itália e Espanha lideravam o número de óbitos, com mais de 270.000 infectados, e os Estados Unidos estão sendo considerados o novo epicentro da pandemia.
Esse é o retrato atual da covid-19, ainda modesta em relação à gripe de 1918. Mas o que se vê agora, de forma inédita, é uma troca constante de informações e a adoção de medidas de prevenção coordenadas, ainda que tomadas de forma independente. Até o começo de abril, um terço da população do planeta estava em quarentena ou com restrições de deslocamento. Isso representa 2,6 bilhões de pessoas em algum tipo de isolamento. Estudos para desenvolver uma vacina contra o vírus estão sendo feitos simultaneamente em locais tão diversos quanto a Universidade de British Columbia, no Canadá, a Universidade Tsinghua, em Pequim, e o Instituto de Pesquisa Biológica, em Israel.
O bilionário e filantropo Bill Gates está financiando sete projetos de construção de fábricas de equipamentos para produzir uma potencial vacina. A iniciativa privada também está contribuindo na corrida pela cura da nova doença. Da Microsoft à Ford, da Amazon ao grupo LVMH, milhares de empresas estão doando recursos ou materiais para ajudar equipes de pesquisa e centros médicos que atendem a população atingida. Será uma ironia se a solução para essa pandemia sair dos laboratórios da Kentucky BioProcessing, filial de biotecnologia da British American Tobacco, maior empresa de cigarro do planeta, atualmente dedicada a estudos de moléculas da folha de tabaco no processo de imunização.