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A morte é a única certeza que se pode ter na vida. No entanto, a forma como esse mistério é encarado difere de acordo com as crenças de cada um. Há correntes religiosas que creem na ressurreição, enquanto outras dizem que ressuscitamos ou voltamos à Terra até mesmo na forma de algum animal. E há ainda aqueles para quem a morte significa, simplesmente, o fim da vida.
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Nesta sexta-feira, 2 de novembro, Dia de Finados, conversamos com seguidores de diferentes religiões* e linhas filosóficas para entender o que a morte significa para cada um deles e o que a reflexão sobre ela pode nos ensinar. Os principais trechos das conversas estão no vídeo acima, e você pode conhecer mais sobre cada uma das crenças nos textos abaixo.
*O Correio entrou em contato com diferentes representantes de religiões de matriz africana, mas, infelizmente, problemas de agenda impossibilitaram a participação de algum deles nesta reportagem.
Dom Leonardo Steiner, bispo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
A morte para os católicos significa caminhar ao encontro da eternidade. Para quem pratica a religião, a vida não é tirada, mas transformada. "É uma perspectiva extraordinária, mas meditamos pouco sobre isso. Os grandes homens e mulheres de fé contemplaram muito essa realidade, e por isso ansiavam pela eternidade. Eles caminhavam ao encontro da morte de maneira tranquila e serena", comenta Dom Leonardo, padre há 40 anos.
Após a morte, o homem não é mais submetido ao tempo e ao espaço, diz Steiner. Dentro desse mistério, o céu e o inferno não são lugares geográficos, mas "estados". "O céu é a participação plena de Deus, enquanto o inferno é o distanciamento. É como se o inferno significasse não participar mais do amor de Deus. Até gostaríamos de ser amados, mas agora não há mais essa possibilidade."
A chegada da morte para um ente querido é difícil, e a separação nem sempre é tranquila, mas o padre lembra que é necessário acolher a finitude da vida. "Ao meditar sobre a morte, a nossa existência ganha um outro sentido, nos ajuda a perceber que a grandeza não está nas nossas mãos. Tudo se esvai, mas, de repente, começamos a perceber que ali (na morte) há outra grandeza", finaliza.
Nós todos viemos do plano espiritual e, para o plano espiritual, nós voltaremos. No espiritismo, a morte não existe. Ela apenas é um "passaporte" para a verdadeira vida. "Como espíritos imortais que somos, a grande surpresa que temos é que, ao atravessar esse frontal, nos deparamos com a própria vida", esclarece Geraldo Campetti Sobrinho.
Uma das doutrinas espíritas fundamentais é a reencarnação, ou seja, a volta do espírito, em outro corpo físico, em um novo contexto, em uma nova família e até mesmo em outro país. Segundo o Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, o materializador do espiritismo, a reencarnação é uma necessidade para evoluir. Para passar por provas e seguir em frente no caminho evolutivo.
"Se não fosse a reencarnação, não haveria justiça de Deus. Como justificar desigualdades? Será que Deus privilegia um e prejudica o outro? As experiências que atravessamos são decorrentes das nossas necessidades espíritas para a evolução. Deus jamais colocaria cargas pesadas em ombros fracos", comenta Campetti.
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Josimar Francisco, presidente do Conselho de Pastores do Distrito Federal
(foto: Gustavo Godoi/CB/D.A Press)
(foto: Gustavo Godoi/CB/D.A Press)
Para os cristãos evangélicos, a morte é fenômeno natural e que acontece apenas uma vez. Ao morrer, o corpo é separado do espírito. O que é matéria vira pó, enquanto o espírito volta para Deus. "Temos o entendimento de que a morte é uma separação do corpo físico e do espírito, e o espírito não é meu, ele pertence a Deus", explica o pastor Josimar Francisco.
Embora seja difícil se separar de um ente querido, o pastor esclarece que, para os evangélicos, a morte não significa perder, mas ganhar. "Não é o fim para a gente. No céu, não haverá mais dor ou lágrimas, a gente não sente nada disso. Ao contrário, se encerrou a nossa participação neste mundo de choro e decepção." No céu, enfatiza o pastor, os homens viverão uma nova vida, sem sofrimentos.
O Dia de Finados não é uma data especial para os evangélicos. Para eles, segundo o pastor, a vida tem que continuar, mesmo após perdas dolorosas. "Deus sabe o melhor para todos nós. Ele criou a morte também, e temos que aceitá-la", finaliza.
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