• Matéria: Português
  • Autor: biel11brg
  • Perguntado 6 anos atrás

Sem qualquer esperança

detenho-me diante de uma vitrina de bolsas

na Avenida de Nossa Senhora de Copacabana, domingo,

enquanto o crepúsculo se desata sobre o bairro.



Sem qualquer esperança

te espero.

Na multidão que vai e vem

entra e sai dos bares e cinemas

surge teu rosto e some

num vislumbre

e o coração dispara.

Te vejo no restaurante

na fila do cinema, de azul

diriges um automóvel, a pé

cruzas a rua

miragem

que finalmente se desintegra com a tarde acima dos edifícios

e se esvai nas nuvens.



A cidade é grande

tem quatro milhões de habitantes e tu és uma só.

Em algum lugar estás a esta hora, parada ou andando,

talvez na rua ao lado, talvez na praia

talvez converses num bar distante

ou no terraço desse edifício em frente,

talvez estejas vindo ao meu encontro, sem o saberes,

misturada às pessoas que vejo ao longo da Avenida.

Mas que esperança! Tenho

uma chance em quatro milhões.

Ah, se ao menos fosses mil

disseminada pela cidade.



A noite se ergue comercial

nas constelações da avenida.

Sem qualquer esperança

continuo

e meu coração vai repetindo teu nome

abafado pelo barulho dos motores

solto ao fumo da gasolina queimada.

In: Antologia poética. São Paulo, Summus Editorial, 1977.

No poema “Pela rua”, você substituiu o pronome pessoal de 2ª pessoa pelo de 3ª. Em muitas regiões brasileiras, o pronome de tratamento “você” pertence à linguagem do dia a dia, sendo, portanto, mais familiar que o de 2ª. Por que o poeta preferiu este último?

Respostas

respondido por: vladteixeira9
2

Resposta: Para dar musicalidade ao poema, e ser um pouco mais formal.

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