• Matéria: Português
  • Autor: angelogabrieldasilva
  • Perguntado 6 anos atrás

20 perguntas sobre o livro A erva amarga


Respostas

respondido por: lumoraespublicidade
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Resposta:A Erva Amarga, lançamento de março da Editora Record - que nos cedeu o exemplar para resenha - é um livro de crônicas escrita pela autora Marga Minco, e relata de forma simples e leve os dias de uma protagonista judia sem nome durante a ocupação nazista da Holanda.

Sinopse: Marga Minco era uma jovem judia na Holanda em 1940 que, sozinha, longe da família, escapou milagrosamente da prisão e da morte em um campo de concentração. Em uma série de crônicas vívidas — a chegada de seu pai com um pacote cheio de estrelas amarelas que deveriam ser costuradas na roupa, a ardência na cabeça ao descolorir o cabelo, as botas pretas vistas através de uma grade no porão da casa de sua família em Amsterdã —, ela conta como foi ver o céu escurecer sobre seu país, além de sua fuga, as viagens de trem, os esconderijos em fazendas, o torpor da perda.A história de Marga Minco — assim como Anne Frank em seu diário — evoca uma época e um lugar, palco para acontecimentos que nunca devem ser repetidos, em uma linguagem emocionante, concisa e, por isso mesmo, memorável.

Marga Minco imprimiu na voz de sua protagonista sua própria experiência com a ocupação nazista, discorrendo em suas crônicas de forma leve sobre um período da história tão obscuro. Cada crônica, organizada de forma cronológica no livro, conta sobre uma família que, por estar relativamente longe do centro da guerra, acreditava que o conflito não chegaria até ali, e então que eles não acreditam que vai ser tão ruim por ali e que o conflito logo chegaria ao fim.

Tanto a protagonista quanto a autora são as únicas sobreviventes de uma família de cinco.

Eu já li alguns livros sobre a segunda guerra mundial, tanto ficção quanto didáticos/histórias reais, e achei que estava completamente pronta para ler A Erva Amarga. Só que não.

Resenha: A Erva Amarga

Em nenhum momento Minco menciona diretamente os horrores da guerra e dos campos, as crônicas são simplistas, sobre coisas como o shabat na sinagoga ou sobre emprestar uma raquete de tênis ou, ainda, sobre costurar as estrelas em seus casacos, tudo por um ponto de vista inicialmente tão ingênuo que rivalizou com a narrativa de O Menino do Pijama Listrado.

Mas ainda assim, me peguei chorando copiosamente. A protagonista foi quem escapou, vivendo na clandestinidade, no interior da Holanda, até o fim da guerra, narrando como, um a um, sua família foi levada pelos oficiais. As crônicas são curtas e diretas e, ainda assim, emocionam.

Me deixe pelo menos hoje ser uma pessoa igual a todas as outras.

A forma como a família mantém a fé de que as coisas não vão ficar tão ruins ou que o conflito vai acabar logo é tão ingênuo que é difícil não se emocionar. É difícil não ler as páginas pensando que a gente sabe exatamente quando o conflito "termina", mas eles não. Para aquelas personagens, que são na verdade pessoas reais, era um grande não sei e isso fica claro lendo A Erva Amarga. Assim como a sensação de o quão assustador o não saber é.  

Não saber se sua família está viva, está bem. Não saber o que aconteceu com os idosos levados da casa de repouso. Não saber quando os oficiais vão bater a sua porta. Quando você vai ser levado.

Resenha: A Erva Amarga

E é fácil sentir isso, assim como é fácil sentir a emoção quando a personagem compara a tradição do sêder de deixar a porta entreaberta para os visitantes sentirem que são bem-vindos, com seu irmão falando sobre como ainda tem muitas pessoas dispostas a abrir as portas para eles (os judeus). Quando a gente tem esse conhecimento, por menor que seja, do que foi a segunda guerra e o Holocausto, é fácil se emocionar com as crônicas, especialmente quando fica martelando na nossa cabeça "isso é real, isso aconteceu com a autora".

Agora não adiantaria nada estender o braço para fora do furgão. Se ela o fizesse, era só porque não havia mais espaço para um braço lá dentro, pois aqui fora não havia ninguém que pudesse lhe dar a mão.

A Erva Amarga é um livro pequeno, rápido de ler, mas com um impacto gigante. Mesmo sem citar os horrores da guerra, é um livro que agrada tanto os entusiastas de história quanto aqueles que não leem muito sobre o assunto. Marga Minco traz crônicas reflexivas e fáceis de serem lidas, que podem agradar os mais diversos leitores.

Resenha: A Erva Amarga

E um ponto positivo dessa edição da Editora Record é a diagramação, com um espaçamento bom entre as linhas, que torna a leitura bastante confortável - além de tornar a sensação de uma leitura rápida ainda maior.

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