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As inter-relações entre população, recursos naturais e desenvolvimento há muito têm sido objeto de preocupação social e de estudos científicos. Da mesma maneira, a preocupação contemporânea de promover o desenvolvimento de países "subdesenvolvidos" tem, desde o seu início, tomado como fator primário de planejamento a base dos recursos naturais, e esse interesse secular tem sido sistematicamente incorporado à análise. A perspectiva do meio ambiente, entretanto, trouxe uma nova dimensão ao estudo dos recursos, que são agora reconhecidos como mais do que um simples ponto de partida na equação do desenvolvimento. Esta preocupação tem sido expressa repetidamente durante as últimas duas décadas e hoje é amplamente aceita.
Os planejadores e estudiosos de população, no entanto, demoraram para traduzir tal consenso em modelos de população, recursos, desenvolvimento e meio ambiente, capazes de orientar as intervenções governamentais. De uma parte, o fantasma de Malthus limitou a discussão a uma questão de pressão quantitativa sobre os recursos naturais e inibiu a pesquisa e a ação por parte daqueles que não aceitam uma formulação tão simplista. De outra parte, a análise ambiental exige uma perspectiva interdisciplinar ou transdisciplinar que também demorou a aparecer. Não é suficiente adicionar um ecologista à equipe de ministérios de planejamento, ou aos centros de estudos populacionais. O que é necessário é nada menos do que uma reorientação completa do pensamento sobre o desenvolvimento. Entre outras demandas, isto implica a absorção dos conceitos ecológicos básicos por todas as diferentes disciplinas que direcionam sua atenção aos problemas de desenvolvimento. Considerando a abrangência deste desafio, não é surpreendente que a integração da dimensão população/meio ambiente no planejamento do desenvolvimento ainda esteja em estágios iniciais.
O presente texto procura delinear alguns conceitos com os quais poderemos entender melhor a inter-relação população/meio ambiente/ desenvolvimento. Uma atenção especial é dada à idéia de "capacidade de suporte". Enquanto este conceito vem há tempos sendo usado no discurso sobre o desenvolvimento, versões mais elaboradas (por antropólogos, por exemplo) não se orientaram para uma direção que contribua para a formulação de políticas.