• Matéria: Português
  • Autor: yasmimlimasilva14
  • Perguntado 6 anos atrás

EU, ETIQUETA


Em minha calça está grudado um nome

que não é meu de batismo ou de cartório,

um nome... estranho.

Meu blusão traz lembrete de bebida

que jamais pus na boca, nesta vida.

Em minha camiseta, a marca de cigarro

que não fumo, até hoje não fumei.

Minhas meias falam de produto

que nunca experimentei

mas são comunicados a meus pés.

Meu tênis é proclama colorido

de alguma coisa não provada

por este provador de longa idade.

Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,

minha gravata e cinto e escova e pente,

meu copo, minha xícara,

minha toalha de banho e sabonete,

meu isso, meu aquilo,

desde a cabeça ao bico dos sapatos,

são mensagens,

letras falantes,

gritos visuais,

ordens de uso, abuso, reincidência,

costume, hábito, premência,

indispensabilidade,

e fazem de mim homem-anúncio itinerante,

escravo da matéria anunciada.

Estou, estou na moda.

É duro andar na moda, ainda que a moda

seja negar minha identidade,

trocá-la por mil, açambarcando

todas as marcas registradas,

todos os logotipos do mercado.

Com que inocência demito-me de ser

eu que antes era e me sabia

tão diverso de outros, tão mim mesmo,

ser pensante, sentinte e solidário

com outros seres diversos e conscientes

de sua humana, invencível condição.

Agora sou anúncio,

ora vulgar ora bizarro,

em língua nacional ou em qualquer língua

(qualquer, principalmente).

E nisto me comparo, tiro glória

de minha anulação.

Não sou - vê lá - anúncio contratado.

Eu é que mimosamente pago

para anunciar, para vender

em bares festas praias pérgulas piscinas,

e bem à vista exibo esta etiqueta

global no corpo que desiste

de ser veste e sandália de uma essência

tão viva, independente,

que moda ou suborno algum a compromete.

Onde terei jogado fora

meu gosto e capacidade de escolher,

minhas idiossincrasias tão pessoais,

tão minhas que no rosto se espelhavam

e cada gesto, cada olhar

cada vinco da roupa

sou gravado de forma universal,

saio da estamparia, não de casa,

da vitrine me tiram, recolocam,

objeto pulsante mas objeto

que se oferece como signo de outros

objetos estáticos, tarifados.

Por me ostentar assim, tão orgulhoso

de ser não eu, mas artigo industrial,

peço que meu nome retifiquem.

Já não me convém o título de homem.

Meu nome novo é coisa.

Eu sou a coisa, coisamente.


3°) Você concorda com a visão do autor? Qual é o seu ponto de vista sobre o assunto?


Me ajudem é pra hoje preciso de ajuda por favor
Sorroooooooooooooooooo!!!!
Ajudaaaaaaaaaaa♡♡♡♡♡♡♡
Fico muito agradecida se me ajudarem ♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡

Respostas

respondido por: ylanakawahata
3
Pelo que entendi do texto é um homem “indignado” por estar andando na moda ou algo do tipo. Como ele diz “minha camiseta tem marca de cigarro, mas nunca fumei” ... ficou bem complicado de entender, respondendo a pergunta:
-sim, por um lado concordo. Até por que um dos por quês que faz sentindo é “em minha camiseta a marca de cigarro que não fumo, até hoje não fumei” ou “meu blusão traz lembrete de bebida que jamais pus na boca” hoje em dia isso ocorre muito, estarmos sempre vestidos como manequins, “divulgando” e “espalhando” marcas de roupas, sapatos e etc. (a pergunta diz para vc dar sua opinião, mas respondi isso tudo pra tentar esclarecer o texto)

ESPERO TER AJUDADO :3

yasmimlimasilva14: Muitíssimo obrigada amoreh ♡♡♡♡♡
ylanakawahata: Dnddd anjo :3
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