Atividade 2 - De que maneira os momentos históricos vividos pela sociedade interferem no espaço do globo terrestre? De que maneira o mundo já foi dividido?
Respostas
Resposta:
produção acadêmica em torno da concepção de Geografia passou por diferentes momentos, gerando reflexões distintas acerca dos objetos e métodos do fazer geográfico. De certa forma, essas
reflexões influenciaram e ainda influenciam muitas das práticas de ensino. Em linhas gerais, suas principais
tendências podem assim ser apresentadas.
As primeiras tendências da Geografia no Brasil nasceram com a fundação da Faculdade de Filosofia
da Universidade de São Paulo e do Departamento de Geografia, quando, a partir da década de 40, a disciplina Geografia passou a ser ensinada por professores licenciados, com forte influência da escola francesa de
Vidal de La Blanche.
Essa Geografia era marcada pela explicação objetiva e quantitativa da realidade que fundamentava a
escola francesa de então. Foi essa escola que imprimiu ao pensamento geográfico o mito da ciência asséptica,
não-politizada, com o argumento da neutralidade do discurso científico. Tinha como meta abordar as relações do homem com a natureza de forma objetiva, buscando a formulação de leis gerais de interpretação.
Essa tendência da Geografia e as correntes que dela se desdobraram foram chamadas de Geografia
Tradicional. Apesar de valorizar o papel do homem como sujeito histórico, propunha-se, na análise da produção do espaço geográfico, estudar a relação homem-natureza sem priorizar as relações sociais. Por exemplo, estudava-se a população, mas não a sociedade; os estabelecimentos humanos, mas não as relações
sociais; as técnicas e os instrumentos de trabalho, mas não o processo de produção. Ou seja, não se discutiam
as relações intrínsecas à sociedade, abstraindo assim o homem de seu caráter social. Era baseada, de forma
significativa, em estudos empíricos, articulada de forma fragmentada e com forte viés naturalizante.
No ensino, essa Geografia se traduziu, e muitas vezes ainda se traduz, pelo estudo descritivo das
paisagens naturais e humanizadas, de forma dissociada do espaço vivido pela sociedade e das relações
contraditórias de produção e organização do espaço. Os procedimentos didáticos adotados promoviam
principalmente a descrição e a memorização dos elementos que compõem as paisagens sem, contudo, esperar
que os alunos estabelecessem relações, analogias ou generalizações. Pretendia-se ensinar uma Geografia
neutra. Essa perspectiva marcou também a produção dos livros didáticos até meados da década de 70 e,
mesmo hoje em dia, muitos ainda apresentam em seu corpo idéias, interpretações ou até mesmo expectativas
de aprendizagem defendidas pela Geografia Tradicional.
No pós-guerra, a realidade tornou-se mais complexa: o desenvolvimento do capitalismo afastou-se
cada vez mais da fase concorrencial e penetrou na fase monopolista do grande capital; a urbanização
acentuou-se e megalópoles começaram a se constituir; o espaço agrário sofreu as modificações estruturais
comandadas pela Revolução Verde, em função da industrialização e da mecanização das atividades agrícolas
em várias partes do mundo; as realidades locais passaram a estar articuladas em uma rede de escala
mundial. Cada lugar deixou de explicar-se por si mesmo.