Os operários na Rússia
“Atrás da fábrica, qual podre anel, estendia-se amplo pântano coberto de bétulas e pinheiros. No verão ele exalava vapores densos e amarelos, de onde vinham nuvens de mosquitos, semeando a febre. O pântano pertencia a fabrica e seu novo diretor, querendo utilizá-lo, inventou drená-lo, para extrair dele a turfa. Dizendo aos operários que essa medida melhoraria as condições sanitárias e de vida do bairro, determinou o desconto de um copeque (Centésima parte do rublo, moeda russa) de cada rublo do salário deles, para a drenagem do pântano. [...]
Agitaram-se os operários. [...]
Abafando o pesado resfolegar das máquinas, os suspiros difíceis do vapor e o ruído dos cabos, as vozes fundiam-se em turbilhão violento. Pessoas vinham correndo de todos os lados, agitando as mãos, animando uns aos outros com palavras apaixonadas e violentas. [...]
Acima da multidão pairava uma nuvem de poeira e ferrugem; os rostos inundados de suor estavam em fogo, a pele das faces vertia lágrimas negras. Os rostos sombrios eram iluminados pelo brilho dos dentes e faiscar dos olhos.
Afina, Pavel surgiu ao lado de Sizov e Makhotin, e seu grito ecoou nos ares:
---- Camaradas! [...]
---- Camaradas! – repetiu, dando a essa palavra todo entusiasmo e vigor. Nós, aqueles que constroem as igrejas e as fabricas, que fundem e diverte a todos, das fraudas ao túmulo...
---- Isso! – gritou Rybin.
---- Nós somos, sempre e em toda parte, os primeiros no trabalho, mas em último lugar na vida. Quem se preocupa conosco? Quem quer o nosso bem? Quem nos considera como gente? Ninguém!
---- Ninguém! – gritou alguém, como um eco.
Senhor de si, Pavel passou a falar com mais calma e simplicidade; a multidão aproxima-se dele, lentamente, transformando-se num só corpo sinistro, com mil cabeças. [...]
---- Nós não alcançaremos sorte melhor, enquanto não nos sentirmos, camaradas, uma família de amigos, estreita e sólida, unida pelo mesmo desejo – o de lutarmos pelos nossos direitos. [...]
Os rostos, enegrecidos pela fuligem, traziam uma expressão de sombra e desconfiança; dezenas de olhos sérios e pensativos fixavam-se nos rosto de Pavel. [...]
---- Ele vem ai!...
---- O diretor!...
A multidão recuou, dando passagem a um homem alto, de barba pontuda e rosto fino. [...]
---- Que reunião é esta? Porque abandonaram o trabalho? [...] Se dentro de quinze minutos, vocês não tiverem começado a trabalhar, serão todos multados! – declarou o diretor com voz seca e nítida.
Voltou a abrir caminho no meio da multidão, só que agora, denso murmúrio crescia atrás dele [...].
----Camaradas, sugiro abandonar o trabalho até que ele desista do copeque...
Ouviram-se gritos de indignação:
----Acha que somos imbecis!
----Greve?
----Por causa de um copeque?
----Porque não? Façamos greve!
----Por causa disso vamos todos...
----E quem vai trabalhar?
----Sempre tem alguém!
----Os Judas?[...]
----Não vai conseguir organizar a greve! – disse Rybin, aproximando-se de Pavel. Ainda que o povo esteja ávido, é covarde. Uns trezentos vão apoiá-lo, não mais. [...]”
(Gorki, Máximo. Pequenos burgueses; A mãe. São Paulo: Abril Cultural, 1982. P. 272-278)
2- Qual medida tomada pela direção da fábrica motivou a mobilização dos operários?
3- Descreva o cenário que o autor construiu no interior da fábrica.
4- Que argumentos Pavel apresenta para convencer os companheiros da força que eles tinham?
5- Porque o amigo de Pavel afirma que o povo é covarde? Como isso reflete nos problemas sociais que enfrentamos hoje?
6- A Revolução Russa foi uma das mais importantes da História porque despertou na massa proletária da cidade e do campo o desejo de se libertar das tiranias do imperador e dos autos impostos. Em sua opinião que tipo de revolução é necessária em sua cidade?
7- Que relação pode ser estabelecida entre o texto de Gorki e os acontecimentos que levariam a Revolução de 1917 na Rússia?
Respostas
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Resposta:
naooooooooooo seiiiiiiiiiiiii
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