• Matéria: Filosofia
  • Autor: Daianekonzen12
  • Perguntado 6 anos atrás

Por que tanto sincretismo na religiosidade dos brasileiros?

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respondido por: jvictorpg
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SINCRETISMO

RELIGIÃO

Você já ouviu falar no termo sincretismo? Clique e saiba do que ele se trata.

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Podemos definir sincretismo como qualquer prática religiosa que provém da fusão de outras. O sincretismo religioso tem suas maiores expressões no Brasil por uma simples questão histórica: a colonização e a formação do povo brasileiro. Um complexo processo histórico repleto de misturas culturais e étnicas que ultrapassam os limites daquilo que foi documentado, do que é oficial.

No Brasil podemos observar inúmeras matrizes religiosas. Judaísmo, Cristianismo Católico, Cristianismo Protestante, Cristianismo Espírita Kardecista, Islamismo, Budismo, Hinduísmo desembarcaram nos milhares de navios que vieram pra cá entre 1500 e 1950.

Os cultos africanos Angolas, Congos, Fons, Malês e Iorubás também desembarcaram nesse contexto. Encontraram aqui os Tupis, os Guaranis, os Tapuias e muitos outros. Ao longo dos anos tudo se misturou em manifestações diversas e complexas.

Sendo a Igreja Católica a religião institucionalmente dominante, pois era unida à administração colonial, ela tentou controlar a difusão de outros cultos assim como impor sua soberania. Porém, como a religião é um fenômeno incontrolável do ponto de vista cultural e social, as crenças se difundiram na mesma proporção das miscigenações. Naturalmente foram surgindo cultos que misturavam os mais diversos tipos de tradições.

Podemos organizar os principais tipos de sincretismos surgidos no Brasil a partir de sua origem étnica e sua posterior união. Assim teríamos a fusão, cristão-indígena, africano-cristã, indígena-africana, indígena-cristão-africana. Sem ordem, local, cronologia ou lógica, essas três matrizes étnico-religiosas deram origem às centenas de cultos, festejos populares, folguedos, lendas, personagens, superstições, ritos e práticas sociais.

Os primeiros missionários Jesuítas que chegaram ao Brasil deram aos ameríndios a crença em Jesus Cristo, assim como já haviam feito nas terras de Angola e Congo de onde vieram muitos escravos. Ao mesmo tempo, receberam o domínio sobre plantas, raízes, bebidas diversas que foram incorporadas pelos padres e reproduzidas. Nessa fusão indígena-cristã rezas católicas com ervas indígenas deram origem ao curandeirismo mestiço, com benzedeiros e benzedeiras, rezadeiras e rezadores, parteiras e outros ainda típicos em zonas rurais e lugares distantes da medicina convencional.

A chegada dos africanos e o processo de conversão desses, promovem um processo semelhante ao ocorrido com os indígenas. Contudo há uma maior resistência de preservação da tradição em muitos lugares. Os negros recebem o braço opressor da Igreja Católica com muito mais intensidade. São incentivados castigos e torturas para africanos que insistissem com seus cultos. Torna-se expressamente proibido cantar e rezar na língua de origem. É nesse contexto que começa a acontecer o sincretismo que dará origem a Umbanda Sagrada. Os africanos que passaram pelo processo de conversão, mas não aceitavam de coração tal conversão, começaram a utilizar o conhecimento adquirido com os padres a associando santos católicos aos Orixás de acordo as regências e características de cada entidade. Assim São Jorge, um santo guerreiro foi associado à Ogum, um Orixá guerreiro. São Sebastião, santo morto por flechas, foi associado à Odé, o Orixá caçador cujo principal instrumento é a flecha. Nessa mesma lógica todos os Orixás são associados a santos católicos para fantasiar, esconder o verdadeiro culto que era direcionado aos Orixás. Tais associações serão tão naturais que não seguirão uma ordem homogênea. Na Bahia, no Rio de Janeiro, em Pernambuco essas associações mudam. Nem sempre Ogum é São Jorge. Ele é também Santo Expedito, ou Santo Antônio.

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