• Matéria: História
  • Autor: alice51996082834
  • Perguntado 6 anos atrás

descreva a população camponesa russa.​

Respostas

respondido por: sushilychiwa
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Resposta: Os camponeses foram atores que provocaram mudanças no jogo político em 1917. Eles definiram as respostas dos políticos para os desafios nacionais; eles produziram, controlaram e ditaram o suprimento de alimentos. Armados e fardados, os camponeses serviram como soldados, fazendo parte do poder político e rompendo com ele e, como a maioria dos residentes urbanos da Rússia, eles tiveram papéis centrais nas revoltas urbanas.

No entanto, quando falamos de revoluções camponesas, normalmente nos referimos às batalhas rurais pelo uso e propriedade da terra. E, embora mais de 80% da população russa vivesse em áreas não-urbanas em 1917, os acadêmicos frequentemente marginalizam a experiência dos camponeses e sua participação na Revolução Russa, focando, ao invés, apenas no trabalhador urbano e nos intelectuais.

A diversidade e complexidade das revoltas rurais dissipam qualquer suposição que possamos ter sobre a natureza da ação camponesa. Elas também revelam a extraordinária natureza criativa e transformadora da revolução.

As revoltas camponesas desafiam as definições fáceis. Ao se espalharem por 1917, temporal e geograficamente, elas tomaram formas tão diversas quanto o vasto território do Império Russo.

Frequentemente, a qualidade da terra e a cultura local determinavam o formato dessas revoltas. Enquanto a maioria das pessoas imaginam violentos ataques aos proprietários rurais e a ocupação à força das fazendas, muitas das lutas rurais se desenvolveram de forma pacífica. Confrontos violentos atraíam mais atenção, mas implicavam grande risco para os envolvidos. A maioria dos camponeses russos participou de ações calculadas e silenciosas, embora não tenham sido percebidas assim por aqueles que tiveram suas propriedades redistribuídas.

Alguns camponeses se engajaram em revoltas clandestinas simplesmente abrindo os portões e permitindo que o gado de todo o vilarejo se alimentasse no pasto dos donos das terras. Algumas comunidades produziram documentos aparentemente oficiais que lhes garantiram o uso dos recursos locais perpetuamente. Revoltas mais ousadas viram os camponeses trabalhando juntos para derrubar a madeira de florestas da vizinhança.

Infelizmente, não temos um relato detalhado de todas as formas através das quais os trabalhadores rurais contribuíram para aquele ano revolucionário. O que sabemos, contudo, demonstra uma variedade de táticas, atores e objetivos, os quais iriam ter um papel decisivo no Estado russo pós-revolucionário.

A chegada da modernidade

O termo camponês normalmente se refere às pessoas que moraram e trabalharam em áreas rurais. No entanto, na Rússia, ele também descreve uma categoria legal – ‘soslovie’ – a qual, inclusive, constava nos passaportes dos indivíduos. Os camponeses russos podiam viver em áreas urbanas, ganhar a vida como trabalhadores ou comerciantes e servir nas Forças Armadas.

No início do século XX, a modernidade chegou à Rússia rural, coexistindo e transformando os elementos tradicionais da vida camponesa, definidos pelo patriarcado, pela religiosidade ortodoxa e pela comunidade.

As estruturas do poder patriarcal garantiam que os homens mais velhos dominassem tanto a família quanto a comunidade. A fé Ortodoxa Russa teve um importante papel social, cultural e espiritual na vida de muitos residentes. O sistema de manejo comum da terra perdurou em muitas áreas, facilitando o uso coletivo de recursos e reforçando a estrutura social patriarcal. Todos esses fatores deram à Rússia rural um grau de parioquialismo, cuja política enfatizava os interesses locais em detrimento das preocupações nacionais.

A modernidade desafiou esses padrões tradicionais de diversas formas. Depois da emancipação dos servos, em 1861, houve uma aceleração da educação primária na zona rural, trazendo a alfabetização para geração mais nova. Enquanto isso, milhões de pessoas migravam, sazonalmente, para os centros urbanos e retornavam com ideias e costumes metropolitanos, incluindo o secularismo e a cultura do consumo.

Governos locais eleitos e tribunais regionais proporcionaram à população rural novas formas de se comunicar com o Estado, as quais a população incorporou com afinco. Depois da revolução de 1905, os camponeses compareceram à eleição nacional e, com clamor, peticionaram seus representantes regionais.

Finalmente, a mobilização de 1914 anunciou uma mudança significativa entre os homens dos vilarejos, os quais pegaram em armas – alguns com fervor patriótico, outros com grande relutância – e se espalhou pelo grande império.

Essas conexões com o mundo fora de suas próprias aldeias significaram que, em 1917, os camponeses não viviam mais isolados numa pré-modernidade. Eles se relacionavam com o Estado e com a nação de diferentes formas. O aumento da taxa de alfabetismo permitiu à população camponesa participar das agendas políticas nacionais e regionais, enquanto as experiências nos centros urbanos inspiravam os jovens a desafiar a dominação patriarcal dos homens mais velhos.

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