Leia o fragmento de “O Auto da Barca do Inferno” de Gil Vicente e responda o que se pede: [...] Vem um Corregedor, carregado de feitos, e, chegando à barca do Inferno, com sua vara na mão, diz: Corregedor – Hou da barca! Diabo – Que quereis? Corregedor – Está aqui o senhor juiz! Diabo – Oh amador de perdiz, gentil cárrega trazeis! Corregedor – No meu ar conhecereis que não é ela do meu jeito. Diabo – Como vai lá o direito? Corregedor – Nestes feitos o vereis. Diabo - Ora, pois, entrai. Veremos que diz i nesse papel... Corregedor – E onde vai o batel? Diabo – No Inferno vos poremos. Corregedor – Como?! À terra dos demos há-de ir um corregedor?! Diabo – Santo descorregedor, embarcai, e remaremos! [...] Corregedor – Oh! Renego da viagem e de quem me há-de levar! Há 'qui meirinho do mar? Diabo - Não há cá tal costumagem. Corregedor - Não entendo esta barcagem, nem hoc non potest esse. Diabo - Se ora vos parecesse que não sei mais que linguagem!... Entrai, entrai, corregedor! Corregedor – Hou! Videtis qui petatis! Super jure magestatis tem vosso mando vigor? Diabo – Quando éreis ouvidor / nonne accepistis rapina? / Pois ireis pela bolina / onde nossa mercê for. [...] Gil Vicente. “Auto da barca do inferno”. In: Gil Vicente: Barca do inferno, Inês Pereira, Auto da Índia. Estabelecimento dos textos, apres. intr.. e notas de João Domingues Maia. 4. ed. São Paulo, Ática, 1998. p. 44-5. Fonte: Livro- Português – Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p. 110-1. 1. De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo: a) Corregedor: * 0 pontos ( ) Antigo magistrado cujas atribuições eram análogas às dos atuais satíricos de direito. ( ) Antigo magistrado cujas atribuições eram análogas às dos atuais críticos de direito. ( ) Antigo magistrado cujas atribuições eram análogas às dos atuais juízes de direito. ( ) Antigo magistrado cujas atribuições eram análogas às dos atuais jurídicos de direito. ( ) Antigo magistrado cujas atribuições eram análogas às dos atuais religiosos de direito. b) Feitos: * 0 pontos ( ) Autos críticos, processos. ( ) Autos judiciais, processos. ( ) Autos satíricos, processos. ( ) Autos religiosos, processos. ( ) Autos jurídicos, processos. c) Cárrega: * 0 pontos ( ) Cargo ( ) Corrigir ( ) Córrego ( ) Carregar ( ) Carga 2. Por que o “Auto da barca do inferno” é um auto de moralidade? * 0 pontos a) ( ) Porque visa analisar e criticar os vícios e virtudes dos indivíduos. b) ( ) Porque visa analisar e criticar a cultura e virtudes dos indivíduos. c) ( ) Porque visa analisar e criticar os costumes e virtudes dos indivíduos. d) ( ) Porque visa analisar e criticar as crenças e virtudes dos indivíduos. e) ( ) Porque visa analisar e criticar a religião e virtudes dos indivíduos. 3. No “Auto da barca do inferno”, cada uma das personagens carrega consigo os símbolos da sua profissão. Que símbolo da sua profissão carrega o Corregedor? * 0 pontos a) ( ) Os fatos, isto é, autos judiciais ou processos. b) ( ) As faixas, isto é, autos judiciais ou processos. c) ( ) As fendas, isto é, autos judiciais ou processos. d) ( ) Os feitos, isto é, autos judiciais ou processos. e) ( ) Os ditos, isto é, autos judiciais ou processos. 4. De que o Diabo acusa o Corregedor? * 0 pontos a) ( ) De não ter aceitado os subornos. b) ( ) De ter criticado os subornos. c) ( ) De ter aceitado subornos. d) ( ) De ter aceitado ser cúmplice. e) ( ) De ter aceitado chantagens. 5. Qual a relação que se pode estabelecer entre o Corregedor e a sua linguagem? * 0 pontos a) ( ) O Corregedor usa expressões gregas que caracterizam a sua profissão. b) ( ) O Corregedor usa expressões galego que caracterizam a sua profissão. c) ( ) O Corregedor usa expressões latinas que caracterizam a sua profissão. d) ( ) O Corregedor usa expressões italianas que caracterizam a sua profissão. e) ( ) O Corregedor usa expressões americanas que caracterizam a sua profissão. 6. A qual gênero pertence “O Auto da Barca do Inferno”? * 0 pontos a) ( ) Narrativo b) ( ) Poético c) ( ) Lírico d) ( ) Épico e) ( ) Dramático
Respostas
Resposta: O Auto da Barca do Inferno ou Auto da Moralidade é uma obra de dramaturgia que foi escrita em 1517 pelo escritor humanista português Gil Vicente.
Essa peça é uma das mais emblemáticas do dramaturgo, considerado o “pai do teatro português”.
Foi encenada em 1531 e faz parte da Trilogia das Barcas, ao lado do Auto da Barca do Purgatório e o Auto da Barca da Glória.
Lembre-se que “auto” é um gênero que surgiu na Idade Média. São textos curtos de temática cômica e geralmente formados por um único ato.Resumo e Análise da Obra
Por meio da presença de dois barqueiros, o Anjo e o Diabo, eles recebem as almas dos passageiros que passam para o outro mundo.
A cena passa-se num porto e portanto, um dos barcos vai em direção ao céu, e outro para o inferno.
A maioria dos personagens vão para a barca do inferno. Durante suas vidas não seguiram o caminho de Deus, foram trapaceiros, avarentos, interesseiros e cometeram diversos pecados.
Por outro lado, quem seguia os preceitos de Deus e viveu de maneira simples vai para a barca de Deus. São eles: Joane, o parvo, e os quatro cavaleiros.
O Auto da Barca do Inferno é um grande clássico da literatura portuguesa. Ele possui diversas sátiras envolvendo a moralidade.
Pelo destino das almas de alguns personagens, a obra satiriza o juízo final do catolicismo, além da sociedade portuguesa do século XVI
A alegoria do juízo final é um recurso utilizado pelo dramaturgo através de seus personagens (diabo e anjo).
Além disso, cada personagem possui uma simbologia associada à falsidade, ambição, corrupção, avareza, mentira, hipocrisia, etc.
Confira a obra na íntegra, fazendo o download do PDF aqui: Auto da Barca do Inferno.
Personagens e seus Pecados
Diabo: capitão da barca do Inferno.
Anjo: capitão da barca do Céu.
Fidalgo: tirano e representante da nobreza. Teve uma vida voltada para o luxo e vai para o inferno.
Onzeneiro: homem ganancioso, agiota e usurário. Por ter sido um grande avarento na vida ele vai para o inferno.
Joane, o parvo: personagem inocente que teve uma vida simples. Portanto, ele vai para o céu.
Sapateiro: homem trabalhador, mas que roubou e enganou seus clientes. Assim, ele vai para o inferno.
Frade: representante da Igreja, que vai para o inferno. Isso porque ele tinha uma amante, Florença, e não seguiu os princípios do catolicismo.
Brígida Vaz: alcoviteira condenada por bruxaria e prostituição que vai para o inferno.
Judeu: personagem que foi recusado pelo Diabo e pelo Anjo por não ser adepto ao Cristianismo. Por fim, ele vai para o inferno.
Corregedor e Procurador: representantes da lei. Ambos vão para o inferno, pois foram acusados de serem manipuladores e utilizarem das leis e da justiça para o bem e interesses pessoais.
Cavaleiros: grupo de quatro homens que lutaram para disseminar o cristianismo em vida e portanto, são absolvidos dos pecados que cometeram e vão para o céu.
Trechos da Obra
Para compreender melhor a linguagem utilizada pelo escritor, confira abaixo alguns trechos a obra:
Trecho 1
“DIABO À barca, à barca, houlá!
que temos gentil maré!
- Ora venha o carro a ré!
COMPANHEIRO Feito, feito!
Bem está!
Vai tu muitieramá,
e atesa aquele palanco
e despeja aquele banco,
pera a gente que virá.”
espero ter ajudado s2
1 - A obra o Auto da Barca do Inferno, foi escrita por Gil Vicente, em 1517. Ela é uma das principais da literatura. Antigo magistrado cujas atribuições eram análogas às dos atuais críticos de direito.
Como notamos o direito?
Ele surgiu na antiguidade, onde sua definição no período utilizava o termo: Direito é a arte do bom e do real, pessoal de homem para homem que conservada busca conservar a sociedade e que quando destruída.
Podemos citar que o corpo do direito civil passou a se expandir por volta do Século I onde o Direito Romano se expandiu por toda a Europa, em um primeiro momento junto do direito canônico, e, o direito comum por todo o ocidente.
Mais sobre o uso do direito:
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2 - Pelo fato da obra representar o período do humanismo, onde as peças sacras eram religiosas, e, os costumes que a igreja católica ditava, mostrava como esse comportamento era necessário.
Como entendemos a literatura no período do humanismo?
O humanismo renascentista, partiu da representação da produção cultural por volta do século XV e XVI; Ele marcou uma transição entre o trovadorismo e o classicismo.
Por fim, a moralidade passou a ser observada como uma forma de identificar as atitudes que fugiam dos costumes implementados pela igreja católica.
Mais sobre o renascimento:
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3 - A produção literária de Gil Vicente partia da criação de Autos e mistérios como parte de sua estrutura teatral. Alternativa D. Ele também utiliza de farsas e comédias, relacionando seus textos ao cotidiano do homem e da população.
Como Gil Vicente utilizou esse recurso para explicar a obra?
O autor utilizou a preocupação com o homem, a espiritualidade e a religião, utilizando um caráter mais sagrado, a partir da devoção as divindades e a interação com o homem como ser que faz parte desse processo de adoração.
Mais sobre a literatura:
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4 - O corregedor é acusado pelo diabo como manipulador, utilizando as leia e a justiça para os interesses pessoais, como uma forma para o cristianismo como um todo.
Como o autor faz uso da moralidade?
A partir do estímulo para a moralidade, não só na forma como o texto foi apresentado mas nas próprias condutas do indivíduo, interagindo com os diversos aspectos sociais, levando em consideração também a sociedade ao seu redor, a partir das leis, costumes e valores comuns naquele povo, como a igreja católica, não podendo ser desviado para o pleno equilíbrio social.
Mais sobre os valores da igreja:
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5 - A cena passa-se num porto e portanto, um dos barcos vai em direção ao céu, e outro para o inferno. Letra C. O corregedor utiliza da justiça como uma forma de aplicação integra, assim como as leis e os papéis dos processos.
Como os personagens são apresentados?
Vale notar que o diabo é representado na obra como o capitão do inferno, o anjo é o capitão da barca do céu, elogiando a morte pela fé. Nota-se que o diabo apressa o embarque dos condenados, sendo dissimulado e irônico, enquanto a aplicação das ideias do corregedor, fazem parte de um olhar de justiça, de certeza sobre o que deve ser feito para que ela seja cumprida.
Mais sobre a literatura clássica:
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6) O auto da barca do inferno é um gênero épico, que narra um acontecimento fantasioso, e, nos transporta para um olhar mais amplo, sobre os personagens, indo desde a apresentação das alegorias
Onde a alegoria do juízo final, é mostrada como um recurso utilizado por Gil Vicente, e, cada um dos personagens, possui uma simbologia implementada através de sentimentos como: a ambição, a corrupção, a avareza, a mentira, a hipocrisia, entre outros.
Qual a importância do Auto da Barca do Inferno para a literatura?
Por ser um grande clássico da literatura portuguesa, dialogando sobre a moralidade, o envolvimento com a espiritualidade e o uso dos costumes da sociedade portuguesa, por volta do século XVi.
Mais sobre os contos épicos:
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