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No próximo ano se completarão 10 anos da realização da Conferência da ONU Contra o Racismo em Durban. Naquele conclave internacional pudemos constatar que mesmo passados cerca de 150 anos do fim do tráfico negreiro e 25 do fim do colonialismo europeu na África, estes temas continuavam incomodando as classes dominantes das grandes potências imperialistas.
Em Durban as nações africanas, visando reparar uma injustiça histórica, apresentaram a polêmica proposta determinando que os países que praticaram e se beneficiaram do tráfico de escravos e do colonialismo pagassem reparações e se desculpassem formalmente. Exigiram também que o tráfico e o colonialismo fossem considerados “crimes contra a humanidade”.
Diante do texto proposto, os europeus e estadunidenses ameaçaram se retirar da Conferência. O representante britânico chegou a afirmar que eram “insuportáveis as exigências”. Na declaração final, o tráfico de escravos acabou sendo considerado “crime contra a humanidade”, embora não fosse aprovado nenhum pedido de desculpas às vítimas. Os europeus insistiram para que ele fosse considerado crime hoje e não no passado, quando foi realizado. O colonialismo, no entanto, não foi considerado “crime contra a humanidade”. A tese da reparação também foi rejeitada. Aprovou-se apenas uma indicação para que os países desenvolvidos tomassem iniciativas no sentido de reverter as conseqüências da escravidão e da dominação colonial, sem detalhar como isso se daria.
Os intelectuais a serviço da causa colonial sempre procuraram negar a responsabilidade ocidental pela escravização dos povos da África. Eles alegavam – e ainda alegam – que os africanos eram capturados e vendidos como escravos pelos seus próprios líderes tribais locais; portanto, a responsabilidade deveria ser compartilhada. Uma clara tentativa criminalizar as próprias vítimas.
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