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No próximo dia 27, o Fórum Paulista de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FPPETI) realiza um debate sobre Consciência Negra. O evento é gratuito. Saiba como participar!
O termo, utilizado nos anos 1960 por ativistas do movimento Black Power, e significa a falha coletiva de uma organização em prover um serviço profissional e apropriado para as pessoas por causa de sua cor, cultura ou origem étnica.
“Há barreiras da desigualdade e da pobreza muito difíceis de transpor”, explica Mylene. Ela exemplifica com os anúncios de trabalho que exigem “boa aparência”, afirmando que se trata de código secreto que exclui, muitas vezes, candidatos da raça negra. “Você chega para uma entrevista de emprego e dizem que você não tem perfil. Perguntam: ‘Será que você pode prender o cabelo?’ Passada a contratação, a dificuldade segue em casos de promoção.”
A importância do olhar histórico
Cleber Santos Vieira, mestre em história e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), pediu aos participantes uma reflexão a respeito da escravidão.
No Brasil, a história do trabalhador negro ainda está por ser escrita. O trabalho não-qualificado era praticado pelos escravos e negros livres após a escravidão. O racismo operou como elemento de manutenção de privilégios da elite branca”, afirmou.
Quais são os mitos que envolvem o trabalho infantil?
Crédito: Tiago Queiroz/Rede Peteca – Chega de Trabalho Infantil
O professor pontua: apesar da primeira Constituição Brasileira de 1824 e das primeiras ideias em direitos humanos, a escravidão continuou como traço da normalidade no país, sendo abolida apenas em 1888.
“A história do negro brasileiro após a abolição é uma trilha do caminho vicioso da favela e da rua. Existe uma discriminação ocupacional e salarial, que se utiliza da ideia de que o trabalho do negro não vale tanto quanto os demais”, reforça o historiador.
Para Elisiane Santos, a precarização do trabalho adulto interfere na inserção precoce de crianças e adolescentes precocemente no trabalho. “Isso se reflete na situação de violência praticada contra essas crianças e adolescentes negros, que são a maioria que estão no trabalho infantil”, complementou.
Crédito: Tiago Queiroz
Crédito: Tiago Queiroz
Políticas públicas
Neste sentido, a especialista ressaltou a importância de cotas raciais. “Precisamos avançar muito, não apenas no acesso à escola de qualidade e acesso à universidade, mas na promoção da igualdade no trabalho de forma geral da população adulta.”
Falar sobre racismo nas escolas, desde as fases iniciais, também é um caminho apontado pelos debatedores. Há quase 15 anos, a lei obriga o ensino da História e da Cultura Afro-Brasileira na rede escolar.
O conteúdo foi incluído na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, pela Lei 10.639, de janeiro de 2003. Em 2008, a Lei 11.645 entrou em vigor e expandiu esse artigo, tornando obrigatório, além do ensino de história e cultura afro-brasileira, o ensino de história e cultura indígena.
“As pessoas não negras precisam também discutir o racismo. Elas precisam fazer uma reflexão do seu dia a dia e pensar na questão do privilégio. A sociedade brasileira precisa enxergar e assumir que o racismo existe para transformar essa realidade de desigualdade racial”, conclui Elisiane.
“Meu filho é um menino negro e liberdade não é um direito que ele vai poder usufruir”
Antes mesmo de encarar as dificuldades de inserção no mercado de trabalho digno, negros e negras encaram o desafio da sobrevivência. Na última sexta-feira (17), foi divulgado um vídeo da atriz Taís Araújo, em fala no TEDXSão Paulo, deste ano.
Ela relata as dificuldades que um menino pode enfrentar no dia a dia, apenas por ser negro, ao falar de seu próprio filho.
“… O meu filho é um menino negro e liberdade não é um direito que ele vai poder usufruir se ele andar pelas ruas descalço, sem camisa, sujo, saindo da aula de futebol. Ele corre o risco de ser apontado como um infrator, mesmo com 6 anos de idade. Quando ele se tornar adolescente, ele não vai ter a liberdade de ir para a escola, pegar uma condução, um ônibus, com sua mochila, seu boné, com seu capuz, com seu andar adolescente, sem correr o risco de levar uma investida violenta da polícia ao ser confundido com bandido, porque no Brasil a cor do meu filho é a cor que faz que as pessoas mudem de calçada, segurem suas bolsas e blindem o seus carros”, afirmou.
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