PRELÚDIO
Quando o descobridor chegou à primeira ilha
nem homens nus
nem mulheres nuas
espreitando
inocentes e medrosos
detrás da vegetação.
Nem setas venenosas vindas do ar
nem gritos de alarme e de guerra
ecoando pelos montes.
Havia somente
as aves de rapina
de garras afiadas
as aves marítimas
de vôo largo
as aves canoras
assobiando inéditas melodias.
E a vegetação
cujas sementes vieram presas
nas asas dos pássaros
ao serem arrastados para cá
pelas fúrias dos temporais.
Quando o descobridor chegou
e saltou da proa do escaler varado na praia
enterrando
o pé direito na areia molhada
e se persignou
receoso ainda e surpreso
pensa n´El-Rei
nessa hora então
nessa hora inicial
começou a cumprir-se
este destino ainda de todos nós. Jorge Barbosa (Cabo Verde, 1902-1971)
A leitura atenta de “Prelúdio” estabelece um diálogo irônico com o seguinte poema brasileiro:
Escolha uma:
a. Quando o português chegou/Debaixo de uma bruta chuva/Vestiu o índio/Que pena!/Fosse uma manhã de sol/O índio tinha despido/ O português.(Oswald de Andrade)
b. A maior riqueza do homem/é a sua incompletude./Nesse ponto sou abastado./Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito. /Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas, /que puxa válvulas, que olha o relógio, /que compra pão às 6 horas da tarde,/que vai lá fora, que aponta lápis, /que vê a uva etc. etc. /Perdoai/Mas eu preciso ser Outros./Eu penso renovar o homem usando borboletas. (Manoel de Barros)
c. Cavaleiro da mística aventura, /Herói cristão! nas provações atrozes /Sonhas, casando a tua voz às vozes /Dos ventos e dos rios na espessura: /Entrando as brenhas, teu amor procura /Os índios, ora filhos, ora algozes, /Aves pela inocência, e onças ferozes /Pela bruteza, na floresta escura. /Semeador de esperanças e quimeras, /Bandeirante de "entradas" mais suaves, /Nos espinhos a carne dilaceras: /E, porque as almas e os sertões desbraves, /Cantas: Orfeu humanizando as feras, /São Francisco de Assis pregando às aves...(Olavo Bilac)
d. Amar o perdido/ Deixa confundido/ este coração./ Nada pode o olvido/ contra o sem sentido/ apelo do Não./ As coisas tangíveis/ tornam-se insensíveis/ à palma da mão./ Mas as coisas findas,/ muito mais que lindas,/ essas ficarão. (Carlos Drummond de Andrade)
Respostas
respondido por:
13
Creio que seja o poema da letra A.
Já que ambos falam da chegada dos portugueses ao Brasil.
Já que ambos falam da chegada dos portugueses ao Brasil.
ADCDABARB:
Fiz as duas e errei uma
respondido por:
1
Resposta:
resposta correta letra A
Explicação:
.
Perguntas similares
7 anos atrás
7 anos atrás
7 anos atrás
9 anos atrás
9 anos atrás
9 anos atrás
9 anos atrás
9 anos atrás