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A origem, lá atrás, antes da Era Cristã, são as celebrações pagãs pela vida e pela fertilidade nos solstícios de verão, no Hemisfério Norte, e de inverno, no Hemisfério Sul.
Na segunda quinzena do mês de junho, quando ocorria o solstício de verão na Europa, havia em todo o continente o culto a deuses da natureza.
Um desses deuses era Adônis, que, segundo o mito grego, foi disputado por Afrodite, deusa do amor, e Perséfone, deusa das ervas, frutos e perfumes, que foi obrigada por Hades a viver, como sua esposa, no seu mundo dos mortos, embaixo da terra.
A disputa foi apaziguada por Zeus, que determinou que Adônis passaria metade do ano com Afrodite, no mundo superior, à luz do Sol, e a outra metade com Perséfone, no mundo inferior, nas trevas.
Essa disputa entre deusas acabou sendo associada aos ciclos naturais da vegetação, que morre no inverno e renasce e se revigora na primavera e verão.
O culto a Adônis, cujo dia específico era 24 de junho, tinha por objetivo a celebração dessa renovação, da “boa-nova” do renascer da natureza. Essa ideia foi assimilada pelo Cristianismo, que substituiu Adônis por São João Batista.
Artifício para a conversão
Esta troca é exemplo de um artifício largamente utilizado pela Igreja Católica em seu processo de assimilação dos antigos cultos pagãos europeus, na transição da Idade Antiga para a Idade Média.
O propósito era substituir os rituais realizados em honra dos deuses gregos, romanos, nórdicos e médio-orientais por celebrações do calendário cristão que coincidissem nas datas e que se assemelhassem de algum modo na forma.
A Igreja Católica sabia que as tradições pagãs eram muito antigas e estavam profundamente enraizadas. Esta “sobreposição” simbólica foi planejada então para que os diferentes povos, que deviam ser catequisados e trazidos para o Catolicismo, aceitassem mais facilmente e suas celebrações fossem absorvidas e modificadas.
O fato é que as celebrações de meio de ano, que misturam rituais cristãos e pagãos, hoje são especialmente importantes nos países do Norte da Europa – Dinamarca, Estônia, Finlândia, Letônia, Lituânia, Noruega e Suécia – mas também ocorrem bastante na Irlanda, em partes do Reino Unido, especialmente na Cornualha, na Polônia, Rússia, Bielorússia, Alemanha, Holanda, França, Itália, Malta, Portugal e Espanha.
Os festejos também acontecem no Canadá, Estados Unidos, Austrália, Porto Rico, e claro, no Brasil e em países de ocupação portuguesa na África e na Ásia. Os portugueses deixaram bem marcada essa tradição dos santos populares.