(UFMG) Leia este trecho: “Suporei, pois, que há não um verdadeiro Deus, que é a soberana fonte
da verdade, mas certo gênio maligno, não menos ardiloso e enganador do que poderoso, que
empregou toda a sua indústria em enganar-me. Pensarei que o céu, o ar, a terra, as cores, as
figuras, os sons e todas as coisas exteriores que vemos são apenas ilusões e enganos de que ele
se serve para surpreender minha credulidade. Considerar-me-ei a mim mesmo absolutamente
desprovido de mãos, de olhos, de carne, de sangue, desprovido de quaisquer sentidos, mas
dotado da falsa crença de ter todas essas coisas. Permanecerei obstinadamente apegado a esse
pensamento; e se, por esse meio, não está em meu poder chegar ao conhecimento de qualquer
verdade, ao menos está ao meu alcance suspender meu juízo. Eis por que cuidarei zelosamente
de não receber em minha crença nenhuma falsidade, e prepararei tão bem meu espírito a
todos os ardis desse grande enganador que, por poderoso e ardiloso que seja, nunca poderá
impor-me algo.”
(Descartes. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1979. p. 88-89.)
Nesse trecho, o autor refere-se aos grandes poderes de um suposto gênio maligno. Com base na
leitura desse trecho e considerando outras ideias contidas nessa obra de Descartes, redija um
texto explicando como o filósofo se mostra capaz de vencer o gênio maligno.
Respostas
Resposta:
René Descartes parte da ideia de que há um gênio Maligno, um Deus enganador que emprega toda
a sua indústria em enganá-lo. Porém, Descartes não possui nenhuma dúvida de que é algo, se ele o
engana; e, por mais que ele o engane, não poderá jamais fazer com que nada seja enquanto pensar
ser alguma coisa. Assim, Descartes, a partir de uma intuição pura e primeira, chega conclusão que
enquanto pensar ele é, e se é logo existe, e esta afirmação seria verdadeira todas as vezes que a
enunciasse em seu pensamento. Descartes então chega à seguinte posição: Cogito Ergo Sum (penso,
logo existo)
Descartes, filósofo moderno, resgatou o pensamento filosófico de Platão para se valer de como o homem conhece as coisas.
Assim, Descartes, ao duvidar de tudo, duvidou, inclusive, de si mesmo, apropriando-se da DÚVIDA HIPERBÓLICA, isto é, dúvida exagerada.
Ao duvidar de si mesmo, Descartes notou que a existência das coisas pressupõe o seu conhecimento prévio.
Assim, como as ideias são dadas por Deus aos homens, ele cunha a ideia de que "penso, logo existo". Se penso, eu existo. Assim, a única coisa que não posso duvidar é que eu penso, mas as experiências no mundo podem me enganar.
A partir dessa teoria cartesiana, Descartes torna-se símbolo do racionalismo moderno de que as ideias já existem e que devemos confiar somente na faculdade da razão.
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