São 50 mil vidas
O VALE - Junho 21, 2020
Todos os dias, o noticiário traz novos números.
Números. Números frios e impessoais, apesar de gritantes, diante de uma incalculável indiferença de parte da sociedade brasileira.
Por que ficar falando o número de mortes, questionam omissos em críticas à imprensa, culpando o mensageiro pelo trágico teor da mensagem.
Vivemos no país, palco dessa tragédia inaudita, quatro crises: a sanitária, a econômica, a política/institucional e, por fim, a falta de empatia, traduzida por uma parcela da população anestesiada, indiferente, ignorante, irresponsável e egoísta. Essa última, literalmente, nem sequer usa máscara.
Estatística é uma ciência exata.
Mas como calcular, verdadeiramente, o impacto de 50 mil vidas ceifadas?
O Brasil já acumula mais de 50 mil mortes provocadas pela Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus que assola o planeta. Somos o segundo país do mundo com mais casos confirmados, mais de um milhão, atrás apenas dos Estados Unidos. E, claramente, o cenário é ainda mais devastador, afinal somos um dos campeões mundiais de subnotificação. E vai piorar. Estudo de pesquisadores ligados à USP (Universidade de São Paulo) aponta que o número de mortes deve crescer 71% em São Paulo devido à flexibilização na quarentena do estado, anunciada no fim de maio pelo governo João Doria (PSDB), mesmo com a escalada no índice de vítimas, contrariando recomendações científicas e sanitárias.
Outro número assustador é o que indica o absoluto abandono das medidas de isolamento social, única arma eficaz contra a explosão no contágio -- o achatamento da curva impede que a quantidade avassaladora de pacientes sobrecarregue o sistema de saúde, provocando o seu colapso. E nem chegamos ao pico da pandemia.
A perspectiva é sombria.
Estamos falando de um país com zero presidente, diante da nefasta presença do negacionista Jair Bolsonaro (sem partido) no Palácio do Planalto, condenado às páginas mais obscuras de nossa história; de um Brasil que perdeu dois ministros da Saúde em meio à pandemia por terem defendido a ciência e hoje enfrenta a maior crise sanitária em 100 anos sem ter um titular da pasta; de uma sociedade que, em parte, relativiza e minimiza números de mortos; de governantes que, em boa parte dos casos, parecem focados apenas nos números de sua sigla partidária, trabalhando de olho apenas nas urnas;
Não são 50 mil números. São 50 mil vidas. São 50 mil Brasis.
No futuro, quando novas gerações olharem em retrospectiva, na tentativa de entender o Brasil de 2020, uma pergunta ecoará: como vocês permitiram isso?
1. Sobre as opiniões emitidas no editorial de "O Vale", podemos afirmar que *
a) temos uma defesa da postura do governo atual e suas mudanças no Ministério da Saúde
b) há uma menção de que a população brasileira está preocupada e tem atitudes responsáveis
c) há uma afirmação categórica de que o governo atual é o culpado por esta perspectiva sombria
d) existe uma tese de que as medidas de isolamento social não é eficaz contra a explosão no contágio
e) temos uma afirmação de que os chineses são culpados por essa pandemia que assola o planeta
Respostas
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Resposta:
C
Explicação:
"Estamos falando de um país com zero presidente, diante da nefasta presença do negacionista Jair Bolsonaro (sem partido) no Palácio do Planalto, condenado às páginas mais obscuras de nossa história; de um Brasil que perdeu dois ministros da Saúde em meio à pandemia por terem defendido a ciência e hoje enfrenta a maior crise sanitária em 100 anos sem ter um titular da pasta"
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