Nem médico compreende letra de colega Nem mesmo os médicos conseguem, muitas vezes, entender o diagnóstico escrito pelos colegas durante o atendimento a pacientes. É isso que mostra uma pesquisa realizada na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O estudo comparou prontuários médicos e comprovou que a letra ilegível impede que médicos da mesma especialidade cheguem a um diagnóstico igual sobre o quadro clínico do paciente. A pesquisa foi tese de mestrado do fisioterapeuta Maurício Merino Nunes, do Departamento de Informática em Saúde. Ele avaliou o grau de entendimento de prontuários feitos por médicos ortopedistas do grupo de joelho do Cete (Centro de Traumatologia do Esporte) da Unifesp. O prontuário deve ser compreendido por outros profissionais para que seja possível dar continuidade ao tratamento de um paciente. “Se o médico não tem a informação adequada, existe a possibilidade de não fazer o tratamento correto”, afirmou Nunes, autor da tese. A legibilidade dos prontuários médicos é exigida no código de ética da profissão. A ilegibilidade da letra do médico pode acarretar uma advertência ao profissional. A necessidade de o prontuário ser compreensível faz parte do Código de Ética Médica e de uma resolução do Conselho Federal de Medicina. (Folha de S.Paulo, 09.07.2005. Adaptado.) Vide verso meu endereço Falado: Seu Gervásio, se o doutor José Aparecido aparecer por aqui, o senhor dá esse bilhete a ele, viu? Pode ler, não tem segredo nenhum. Pode ler, seu Gervásio. Venho por meio dessas mal traçadas linhas Comunicar-lhe que fiz um samba pra você No qual quero expressar toda minha gratidão E agradecer de coração tudo o que você me fez. Com o dinheiro que um dia você me deu Comprei uma cadeira lá na Praça da Bandeira Ali vou me defendendo Pegando firme, dá pra tirá mais de mil por mês. Casei, comprei uma casinha lá no Ermelindo Tenho três filhos lindos, dois são meus, um é de criação. Eu tinha mais coisas pra lhe contar Mas vou deixar pra uma outra ocasião. Não repare a letra, a letra é de minha mulher. Vide verso meu endereço, apareça quando quiser. (Adoniran Barbosa, CD Adoniran Barbosa-1975, remasterizado EMI, 1994.) Analisando a questão da legibilidade do que se escreve, é correto afirmar que o poeta e os médicos muito pouco se importam com o registro de sua forma de expressão, pois o que lhes interessa é a produção livre dos textos, sem nenhum tipo de imposição social. o poeta vê a escrita ruim como uma maneira de expor a realidade das pessoas menos favorecidas socialmente, e os médicos entendem a escrita ilegível como uma forma de disfarçar essa realidade. poeta e médicos entendem que o principal é comunicar; a caligrafia é um dos aspectos do processo e, embora importante, não é o principal do ponto de vista da interlocução efetiva. tanto o poeta quanto os médicos vêem na letra mal feita uma forma de se destacarem socialmente em relação às outras pessoas, tornando-se, portanto, singulares no meio em que vivem. o poeta e os médicos têm motivações diferentes para a escrita ruim, pois, para estes, ela não tem uma justificativa, a não ser pela tradição; já para aquele, ela mostra a realidade vivida pelas pessoas menos favorecidas socialmente
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a informação adequada é uma das condições essenciais para a realização do tratamento correto
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fiz e deu certo
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FAIZ DE NOVO
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