• Matéria: Artes
  • Autor: joaopedrocosta48079
  • Perguntado 6 anos atrás

A expressão Teatro de repertório é utilizada para......

Respostas

respondido por: pripink
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Resposta:

A expressão é empregada para designar uma coleção, conjunto ou reunião de coisas de um mesmo gênero. Aplicada ao vocabulário teatral, assume uma das seguintes acepções:

1. o conjunto de obras teatrais representadas por uma companhia ou grupo;

2. o conjunto de obras de um mesmo estilo ou de uma mesma época (o repertório romântico, o naturalista, por exemplo);

3. o conjunto de peças desempenhadas por um intérprete num determinado período;

4. um edifício teatral marcado pela renovação constante de sua programação, em oposição àqueles com longas temporadas.

Todas essas acepções são muito genéricas, implicando modalidades nem sempre coerentes ou agrupáveis segundo certos critérios. Historicamente, os repertórios começam a existir no momento em que as companhias teatrais adquirem independência econômica e, na tentativa de distinguirem-se umas das outras, organizam seu repertório de modo a orientar o público sobre as características dos espetáculos por elas produzidos. Nesse caso, o critério pode ser um número restrito de autores, de atores ou de gêneros apresentados.

É nessa última acepção que as companhias brasileiras do começo do século XX investem, uma vez que ostentam nomes consagrados que se especializam em determinados papéis. No caso do Teatro Brasileiro de Comédia - TBC, fundado em 1948, a ênfase recai sobre os títulos apresentados, alterando o critério anterior. O repertório comporta, então, um drama sério, uma comédia e uma peça "moderna", de vanguarda ou não. O objetivo é alcançar diversos públicos simultaneamente ou oferecer ao mesmo público diferentes atrações num curto espaço de tempo.

A partir dos anos 1950, por razões variadas, a prática vai caindo em desuso e, apenas de modo intermitente, deparamo-nos com um repertório. É o caso do Teatro Oficina, em meados dos anos 1960, levando algumas de suas criações para arrecadar fundos para a reconstrução de sua casa de espetáculos incendiada. No início dos anos 1970, essa prática volta a ser explorada pelo grupo, sob o nome de "saldo para o salto".

Nos anos 1980, em São Paulo, Antonio Fagundes resolve ressuscitar a idéia, criando a Companhia Estável de Repertório - CER, responsável pela criação de alguns espetáculos notáveis, mas que apenas por curtos períodos apresenta-se, efetivamente, em regime de alternância de diversas produções. Os custos elevados, além das dificuldades em manter um elenco fixo, contudo, acabaram interrompendo a iniciativa.

Nos anos 1990, Eduardo Tolentino de Araújo e o Grupo TAPA realizam um trabalho de repertório denominado Panorama de Teatro Brasileiro. Trata-se da amostragem de um conjunto de peças de autores brasileiros desde o século XIX até um dramaturgo paulista contemporâneo (Plínio Marcos). Ordenados em perspectiva cronológica, o conjunto de obras revela-se instrumento para uma reconstrução crítica da história das classes sociais no Brasil.

A partir de 2000, os grupos de trabalho continuado têm desenvolvido uma prática semelhante, normalmente intitulada Mostra ou Panorama, em que se alternam, num mesmo período e local, todos ou os mais representativos espetáculos já produzidos, no sentido de oferecer uma visão completa da obra desses conjuntos. É o caso do Grupo Galpão, Os Satyros, Folias d'Arte, Cemitério de Automóveis, Teatro da Vertigem, Parlapatões, Patifes & Paspalhões, Troupe de Atmosfera Nômade, entre outros.

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