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A despeito de não ter sido criado no Brasil, o futebol ganhou tanta importância na realidade nacional que é impossível dissociar sua trajetória da própria história do país. Futebol e a sociedade brasileira são duas realidades que se fundem de forma constante, a ponto de o esporte ter sido classificado como “paixão nacional”. Mas qual é a origem dessa cultura arraigada na população? Por que a modalidade foi eleita entre tantas, ganhou uma série de adeptos e se tornou universal? A resposta não está apenas nas qualidades do esporte, mas nas características da sociedade.
“A idéia de usar o futebol para criar uma identidade nacional foi algo construído no decorrer dos anos e hoje faz parte da cultura do Brasil. Já em 1925, quando o Paulistano fez sucesso em uma excursão pela Europa, a imprensa chamou a equipe de ‘os reis do futebol´. Quando voltaram, eles foram recebidos com festa e até pelo presidente”, conta Fátima Martin Rodrigues Antunes, doutora em sociologia pela Universidade de São Paulo, que atualmente trabalha na prefeitura da capital paulista.
A valorização do sucesso esportivo faz parte de uma reação de auto-afirmação dos brasileiros em uma produção estrangeira. Ao contrário de bens produzidos no país, o futebol é uma atividade inventada por europeus e que se transformou quando entrou em contato com a ginga e o estilo característico dos brasileiros.
“Isso tem a ver com a idéia de que podíamos ser bons em alguma coisa que vinha de fora e o mundo civilizado prezava. Não se trata mais de samba, capoeira ou mestiçagem, mas de football. Isso reverteu a maneira trivial e sempre negativa de ler a nossa identidade”, reforça o antropólogo Roberto da Matta.
Diante de tanta importância para a sociedade, o futebol deixou de ter sua duração limitada aos 90 minutos das partidas. As discussões sobre o jogo passaram a permear todo o dia do povo, nas conversas informais e nas análises de especialistas.
“Nessa ótica, o futebol assume uma condição de fenômeno social e precisamos buscar entendê-lo na perspectiva do mundo atual. Ele produz implicações sociais, políticas, culturais, econômicas, biológicas… sua abrangência extrapola muito as quatro linhas”, analisa o professor de sociologia Aldo Antonio Azevedo.
No início, quando o futebol chegou ao país, essa massificação foi criada a partir da estratificação dos estereótipos de clubes e torcedores. Essa identificação facilitou o acúmulo de pessoas com perfis parecidos, bem como o apoio do governo a uma atividade capaz de criar o conceito de unidade nacional e servir como um entretenimento de grande abrangência.
“Antigamente, as torcidas de futebol surgiam a partir da associação da imagem do clube. Hoje há pesquisas que constatam uma mudança no cenário, e essa divisão praticamente inexiste. Hoje, um torcedor de futebol é formado na infância e a difusão do futebol é uma das responsáveis por isso”, comenta Fátima.
No início do século XX, o futebol brasileiro passou por alterações como a entrada dos negros e dos pobres, além do início da era do profissionalismo a partir de 1933. Essas e outras mudanças foram feitas com o intuito de dar ao esporte um perfil mais globalizado e facilitar o acompanhamento.
“Esse novo cenário também passou a admitir formas teatralizadas de torcer. Tudo isso aconteceu em um cenário de desenvolvimento dos meios de comunicação e de um governo de táticas populistas, que era do Getúlio Vargas. A soma desses fatores propiciou o surgimento das primeiras torcidas organizadas e ampliou a difusão do esporte no país”, justifica Luiz Henrique de Toledo, doutorado em ciência social pela Universidade de São Paulo.
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Resposta“O futebol teria numa sociedade como a brasileira, em grande parte formada de elementos primitivos em sua cultura, uma importância toda especial. E era natural que tomasse aqui o caráter particularmente brasileiro que tomou. O desenvolvimento do futebol, não num esporte igual aos outros, mas numa verdadeira instituição brasileira, tornou possível a sublimação de vários daqueles elementos irracionais de nossa formação social e de cultura”.
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