4 — (ENEM 2014) A pátria Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste! Criança! não verás nenhum país como este! Olha que céu! que mar! que rios! que floresta! A Natureza, aqui, perpetuamente em festa, É um seio de mãe a transbordar carinhos. Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos, Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos! Vê que luz, que calor, que multidão de insetos! Vê que grande extensão de matas, onde impera, Fecunda e luminosa, a eterna primavera! Boa terra! jamais negou a quem trabalha O pão que mata a fome, o teto que agasalha... Quem com o seu suor a fecunda e umedece, Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece! Criança! não verás país nenhum como este: Imita na grandeza a terra em que nasceste!
O poema “A pátria” harmoniza-se com um projeto ideológico em construção na Primeira República. O discurso poético de Olavo Bilac ecoa esse projeto, na medida em que:
a) a paisagem natural ganha contornos surreais, como o projeto brasileiro de grandeza.
b) a prosperidade individual, como a exuberância da terra, independe de políticas de governo.
c) os valores afetivos atribuídos à família devem ser aplicados também aos ícones nacionais.
d) a capacidade produtiva da terra garante ao país a riqueza que se verifica naquele momento.
e) a valorização do trabalhador passa a integrar o conceito de bem-estar social experimentado.
5- Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos ru- ços e olhos assustados. Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros da cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa não gostava de crianças. Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos padres, com lugar certo na igreja e camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as banhas no trono (uma cadeira de balanço na sala de jantar), ali bordava, recebia as amigas e o vigário, dan- do audiências, discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora em suma — “dama de grandes virtudes apostólicas, esteio da religião e da moral”, dizia o reverendo. Ótima, a dona Inácia. Mas não admitia choro de criança. Ai! Punha-lhe os nervos em carne viva. [...] A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. Vinha da escravidão, fora senhora de escravos — e daquelas ferozes, amigas de ouvir cantar o bolo e estalar o bacalhau. Nunca se afizera ao regime novo — essa inde- cência de negro igual. LOBATO, M. Negrinha. In: MORICONE, I.
Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000 (fragmento). A narrativa focaliza um momento histórico-social de valores contraditórios. Essa contradição infere-se, no contexto, pela:
a) falta de aproximação entre a menina e a senhora, preocupada com as amigas.
b) receptividade da senhora para com os padres, mas deselegante para com as beatas.
c) ironia do padre a respeito da senhora, que era perversa com as crianças.
d) resistência da senhora em aceitar a liberdade dos negros, evidenciada no final do texto.
e) rejeição aos criados por parte da senhora, que preferia tratá-los com castigos.
Respostas
Resposta:4- alternativa (b)
5-alternativa (d)
Explicação:
4. A alternativa correta é a letra B, uma vez que o discurso poético do autor Olavo Bilac é harmonizado com um projeto ideológico presente na Primeira República que condiz com a independência das medidas governamentais para a riqueza da fauna, da flora e da prosperidade do indivíduo, visto que no Brasil a "eterna primavera prevalece" independente das políticas de governo.
Tais afirmações podem ser vistas através dos seguintes trechos: "A Natureza, aqui, perpetuamente em festa,", "Boa terra! jamais negou a quem trabalha/O pão que mata a fome, o teto que agasalha…"
5. A alternativa correta é a letra D, visto que os valores contraditórios apresentados no texto se referem a escravidão e a abolição da mesma. Isto pode ser observado através da imagem que a personagem Negrinha possui da patroa, dona Inácia, que é má e que maltrata seus empregados, ainda considerados como escravos por ela; e a imagem que a sociedade possui da dona Inácia como uma mulher repleta de virtudes.
Portanto, a patroa possui dificuldades em aceitar a liberdade dos negros e um trecho do texto que retrata isto é: " Nunca se afizera ao regime novo — essa inde- cência de negro igual".
Espero ter ajudado !
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