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Resposta:
Associa-se geralmente o romance de aventuras a um tipo de ficção inferior, de estatuto ambíguo, devido à centralidade nele do elemento de ficção, da sucessão de aventuras, e provavelmente também dada a sua popularidade enquanto ficção para crianças e jovens, leitores geralmente considerados menos experientes e mais interessados no desenrolar do enredo do que nas novidades ou complexidades estruturais, psicológicas ou verbais de uma narrativa. De facto, por um lado, o romance de aventuras evita confrontar a densidade psicológica ou problemática das personagens, preferindo sublinhar o desenrolar de espaços, (que se transformam, por vezes, em tempo de maturação das personagens), e colocar frente a frente o herói com ambientes hostis, que ele é capaz de dominar; o interesse pelo primado do acontecimento e por locais exóticos, que, ao longo do século XIX, os cultores britânicos do género vão gradualmente interligar ao interesse dos leitores pelo mapa geográfico de dominação do Império Britânico, não surgem constrangidos por preocupações de verosimilhança, já que a distância geográfica parece permitir o exagero e ditar o inesperado. Por outro lado, o romance de aventuras e a aventura em si parecem configurar um leitor implícito jovem ou adolescente, tanto mais quanto, na maior parte das narrativas, a personagem principal é um jovem, em viagem, confrontado com perigos e com o extraordinário, apoiado por uma figura de autoridade (paterna) ou por um companheiro fiel, que lhe obedece cegamente; no final, o herói é recompensado com valores espirituais ou materiais e regressa ao ambiente doméstico. Com todas as suas ramificações para a história infantil de aventuras, para o romance policial, para o romance de espionagem, para a ficção científica.