• Matéria: Português
  • Autor: rickc1569
  • Perguntado 6 anos atrás


Kesia Cardoso Gonçalves dos Santos

Estou em frente ao futuro, em frente à esperança, em frente à escola. Daqui de fora,

sua estrutura é como a de uma prisão, mas nela está todo o conhecimento, a dedicação e a

cultura de que preciso para ser livre.

É meu último ano nessa escola, estou observando cada detalhe, detalhes que deixei

passar por anos. O portão rabiscado, a mercearia aberta do outro lado da rua, o ponto de

ônibus e a esquina onde ficamos conversando após as aulas. Do portão para dentro, o sinal

grita nos chamando para estudar, falta uma quadra para as aulas de educação física, há a

correria dos que chegam apressados e enchem de vida este lugar. Vidas que aqui se juntam

no único propósito de aprender. Sim, alunos, professores, funcionários, todos são aprendizes.

Saindo da escola, caminho em direção à praça abandonada que perdeu seu encanto,

sinto o assombro da falta de segurança em todo canto, vejo a falta de cuidado e de atenção

para aquilo que é de todos e inevitavelmente me entristeço. A nostalgia e a saudade

antecipadas me surgem novamente: é meu último ano na escola do meu bairro; ano que vem,

frequentarei outros bairros de Cariacica ou até de outro município da Grande Vitória. E o que

levarei daqui? Escolho levar a doçura das lembranças, das brincadeiras e andanças. Levarei

a menina que corria por estas ruas, sem medo. Levarei todo o aprendizado construído dentro

e fora da escola.

Um dia, aqui nessa praça, uma amiga – muito mais que uma professora – fez com que

eu enxergasse a beleza, onde antes eu só via a degradação. Suas palavras de poetisa

penetraram em mim como sementes penetram na terra e fizeram brotar um novo olhar, mais

esperançoso e confiante. Se antes eu só enxergava o vazio, os problemas e o descaso,

naquele momento eu aprendi que só há abandono quando eu também resolvo abandonar,

que a violência e a dor ocupam o lugar que o medo deixa vazio. Eu passei a ver que as

riquezas estão justamente nas pessoas, nas suas histórias e lutas diárias, para não se

entregarem e vencerem as dificuldades. Quando entendemos isso, entendemos também que

cada um de nós tem o poder de construir uma escola melhor, uma rua melhor, uma praça,

uma cidade, um mundo melhor. Aquela aula, nessa praça, me mostrou isso. Eu sou uma dessas pessoas que lutam e hoje sei que não luto sozinha. Estou armada

com meus livros, minha munição é o meu conhecimento. Este lugar, no alto do morro, me dá

uma visão estratégica. Vejo onde estou, aqui é a favela, aqui é permitido ter casa sem

acabamento, lixo nas ruas, banco de praça quebrado, mato no lugar de jardins, traficantes em

vez de universitários, boca de fumo no lugar de parques. Daqui, posso ver também onde quero

chegar. Minhas lágrimas são de esperança e elas encherão um rio que nos conduzirá a um

país em que estar nesse morro não seja sinônimo de insegurança, de medo, de dor, mas, sim,

sinônimo de alegria, por estar mais perto do céu e suas estrelas.

Meus ídolos estão aí para me mostrar que minha esperança é válida: sou Nelson

Mandela, lutando com minhas palavras; sou Conceição Evaristo, crescendo na favela,

estudando para ter um futuro melhor, cruzando abismos para ter uma vida mais digna e

inspirar outros como eu, como nós. É meu último ano na escola do meu bairro, mas minha

luta por esse lugar só está começando.



1) O narrador é a voz que conta a história dentro da narrativa. Este pode contar a história

de três maneiras:

Narrador-personagem: quando uma das personagens que vivencia a história faz, também, o

papel de narrador, ou seja, uma das personagens narra a história. Por isso, muitas vezes, os

verbos são conjugados em primeira pessoa, mas podem também ser conjugados em terceira

quando o narrador-personagem conta o que acontece com os outros personagens.

Narrador-observador: esse tipo de narrador não participa da história. Ao invés disso, ele é

apenas uma “voz” contando o que acontece, narrando a história. Entretanto, assim como o leitor,

esse narrador não sabe o que se passa na consciência das personagens, não sabe o que

aconteceu no passado (anterior à narrativa) nem o que acontecerá no futuro.

Narrador-onisciente: assim como o observador, ele não participa da história. Entretanto, essa

“voz” é onisciente, ou seja, sabe de tudo no universo daquela narrativa: ela sabe (e pode contar)

o que as personagens estão pensando e sentindo. Também conhece (e pode contar) o passado

anterior à narrativa e o futuro.

1.1) Na crônica que você acabou de ler, qual é o tipo de narrador? Retire do texto um trecho

que comprove isso.

2) É possível identificar em qual espaço se passa a narrativa? Explique.

3) Releia esse trecho:

“Eu sou uma dessas pessoas que lutam e hoje sei que não luto sozinha. Estou armada

com meus livros, minha munição é o meu conhecimento. Este lugar, no alto do morro, me

dá uma visão estratégica.”

Os verbos destacados estão:

a) No presente do indicativo

b) No pretérito perfeito
c) No modo imperativo

d) No futuro do pretérito​

Respostas

respondido por: AnaHdacunha98
3

Resposta:

sempre será o k de vcs tbm um feliz Natal para vocês também não é vc 23aniversário da Maísa a Deus

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