Respostas
Resposta:
As sociedades africanas em geral, e muito em particular a África subsariana, são essencialmente sociedades da palavra falada. Mesmo quando a escrita existe, e apesar de séculos de colonização, a oralidade continua a ser parte integrante da comunidade e do indivíduo, sendo constitutiva da própria identidade individual e coletiva. É elemento chave para a transmissão e preservação da tradição e da sabedoria dos povos, legada pelos antepassados de geração em geração, de boca em boca ao longo dos séculos. A tradição negro-africana baseia-se na palavra; é essencialmente oral. A oralidade é completada por ritos e símbolos. Mas estes, sem a palavra, sem a tradição, tornam-se ininteligíveis e ineficazes. Nas sociedades africanas a palavra contém em si um valor dinâmico e é eficazmente influente, pois ela é vida. A cultura realiza-se, expande-se e permanece pela palavra; por isso, é cultivada e tratada com zelo. A oralidade baseada na palavra é assim o canal para a difusão da sabedoria dos povos, conforme nos diz o antropólogo Raul Altuna, na conhecida obra Cultura Tradicional Bantu.
A expressão “tradição oral” é utilizada com frequência e em diferentes aceções por vários estudiosos que a ela dedicaram as suas investigações.