O burguês ridículo
PERSONAGENS
M. JOURDAIN: o burguês.
NICOLE: criada da casa de M. Jourdain.
LUCILE: filha de M. Jourdain.
CLÉONTE: pretendente de Lucile.
COVIELLE: criado de Cléonte.
DORANTE: o conde.
DORIMÈNE: a marquesa.
PRÓLOGO
A peça ainda não começou. Molière e sua trupe se agitam em cena. (Quase um balé do palco sendo arrumado.) Montam o palco, acendem as velas dos candelabros etc.
MOLIÈRE: Vamos, senhores! Estamos atrasados. Ah, como ator é um bicho difícil de comandar.
ATRIZ QUE FAZ LUCILE: (Ensaiando) De onde vem o veneno que invadiu minha alma...
MOLIÈRE: (Para Lucile) Mais devagar. (Grita para outro ator) Mais rápido, o rei já deve estar chegando e não tem nada pronto ainda.
Lucile vai encontrar Cléonte.
ATRIZ QUE FAZ DORIMÈNE: A culpa é sua. Você prometeu aprontar uma peça em oito dias e agora vai nos matar de vergonha diante da corte.
MOLIÈRE: O que é que eu podia fazer se o próprio rei me fez essa encomenda! O que os reis querem acima de tudo é uma pronta obediência. É melhor cumprir mal o que nos pedem do que não cumpri-lo a tempo!
ATRIZ QUE FAZ DORIMÈNE: Eu não vou conseguir decorar esse texto.
MOLIÈRE: Grande coisa, decorar um texto.
ATRIZ QUE FAZ DORIMÈNE: Para você é fácil. Foi você que escreveu a peça.
MOLIÈRE: Estou escrevendo. Ainda não sei como terminá-la.
ATRIZ QUE FAZ DORIMÈNE: Como qualquer comédia: os amantes se casam e todos dançam numa grande festa.
MOLIÈRE: Não quero apresentar para o rei uma comédia qualquer. Lucile!
Lucile volta.
ATRIZ QUE FAZ LUCILE: De onde vem o veneno que invadiu minha alma /
E fustigou meu corpo, retirou-me a paz?
MOLIÈRE: Não é nada disso. Você está apaixonada...
ATRIZ QUE FAZ LUCILE: (Olhando para Cléonte, por trás de Molière). Estou.
MOLIÈRE: Você nunca sentiu isso antes... ATRIZ QUE FAZ LUCILE: Nunca.
MOLIÈRE: Você está muito feliz...
ATRIZ QUE FAZ LUCILE: Muito.
MOLIÈRE: (Para Cléonte) Vem cá, rapaz.
ATOR QUE FAZ CLÉONTE: Sim, senhor.
MOLIÈRE: Recite seu papel.
ATOR QUE FAZ CLÉONTE: Bem, senhor...
MOLIÈRE: Está errado.
ATOR QUE FAZ CLÉONTE: Mas é que...
MOLIÈRE: Não confere...
ATOR QUE FAZ CLÉONTE: A verdade...
MOLIÈRE: A verdade é que em vez de estudar seu texto você fica representando para as mocinhas.
ATOR QUE FAZ CLÉONTE: Não diga isso, senhor. Nada é mais sincero que meu amor por Lucile. Tão grande que chego a desejar que o céu não lhe tivesse dado nada ao nascer: nem beleza, nem fortuna, nada, para que eu dedicasse toda a minha vida a reparar essa injustiça do destino, e assim merecer a glória e a alegria de vê-la dever tudo ao meu amor.
MOLIÈRE: Muito bem. Você já decorou seu papel.
ATRIZ QUE FAZ DORIMÈNE: Pouco a pouco eu...
ATOR QUE FAZ COVIELLE: Por favorr, senhorr Molière...
ATRIZ QUE FAZ DORIMÈNE: Pouco a pouco eu...
MOLIÈRE: Eu vejo!
ATRIZ QUE FAZ DORIMÈNE: Pouco a pouco eu vejo...
ATOR QUE FAZ COVIELLE: Con fossa permision...
ATRIZ QUE FAZ DORIMÈNE: Pouco a pouco eu vejo...
MOLIÈRE: ... que estou comprometendo cada vez mais...
ATRIZ QUE FAZ DORIMÈNE: ... com os testemunhos da sua paixão.
ATOR QUE FAZ COVIELLE: Gostarria falar assunto de sua interresse.
MOLIÈRE: E por que você está falando com sotaque alemão?
ATOR QUE FAZ COVIELLE: É que pensei o senhorr precissar talvez de alemon parra fazer papel de alemon em peça autorria sua.
MOLIÈRE: Nada de alemão. Você vai fazer o criado como sempre. (Grita) E já que você vai fazer o criado aproveite para arrumar o palco que já estamos atrasadíssimos. [...]
Molière. O burguês ridículo. Trad. José Almino. Adap. Guel Arraes e João Falcão.
Rio de Janeiro: Sette Letras, 1996. p. 17-22.
1 ) Como você imagina a movimentação dos atores no início da peça? O que a justifica?
Respostas
respondido por:
114
Resposta:
Imagino que eles estava agitados, porque no inicio do texto eles demonstram isso
Explicação:
não sei se esta certo, mas acho que é isso
respondido por:
5
Resposta: imagino como quase um balé do palco sendo arrumado
Explicação: a rubrica justifica
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