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A importância econômica do cultivo do café
Trazido ao Brasil no início do século XVIII, ocupou primeiramente as terras do Ceará. Posteriormente, na década de 80, foi introduzido no Rio de janeiro, de onde seu cultivo se irradiou para São Paulo e Minas Gerais. Penetrando pelo vale do rio Paraíba, a mancha verde dos cafezais, que já dominava a paisagem fluminense, chegou a São Paulo, que, a partir da década de 1880, passou a ser o principal produtor nacional da rubiácea (café). Na sua marcha foi criando cidades e fazendo fortunas.
Foi no oeste paulista que a produção de café alcançou seu apogeu, em parte devido a terra roxa, a facilidade de comunicação e a existência do porto de Santos. O desenvolvimento da cafeicultura no interior foi fundamental para o desenvolvimento da cidade de São Paulo. São Paulo era a capital da província, portanto centro político e, ao mesmo tempo, era ponto de partida para o Rio de Janeiro e para Santos. Dessa maneira tornou-se o centro não só de decisões, mas principalmente centro financeiro. A cidade enriquecia graças ao desenvolvimento da cafeicultura. Esse enriquecimento se refletiu na instalação de casas bancárias e de câmbio na cidade, de onde proveriam os empréstimos para a atividade industrial e de serviços.
Em meados do século XIX, enquanto os países capitalistas desenvolvidos viviam o contexto da Segunda Revolução Industrial, o Brasil apresentava alguns avanços sócio-econômicos, responsáveis pela transição da monarquia para república. O processo abolicionista e o crescimento de atividades urbanas, tornavam o regime monárquico cada vez mais obsoleto.
O café, base de nossa economia, ao mesmo tempo em que preservava aspectos do passado colonial (latifúndio, monocultura e escravismo), tornava nossa realidade mais dinâmica, estimulando a construção de ferrovias e portos, além de criar condições favoráveis para o crescimento outros empreendimentos como bancos, atividades ligadas ao comércio interno e uma série de iniciativas empresariais. A aprovação da tarifa Alves Branco, que majorou as taxas alfandegárias, e da lei Eusébio de Queirós, que em 1850 aboliu o tráfico negreiro liberando capitais para outras atividades, estimularam ainda mais os negócios urbanos no Brasil, que já contava com 62 empresas industriais, 14 bancos, 8 estradas de ferro, 3 caixas econômicas, além de companhias de navegação a vapor, seguros, gás e transporte urbano. Nesse verdadeiro surto de desenvolvimento, destaca-se a figura de Irineu Evangelista de Souza, o Barão e Visconde de Mauá, principal representante do incipiente empresariado brasileiro, que atuou nos mais diversos setores da economia urbana.
Apesar de um início que parecia promissor, a "Era Mauá" não conseguiu durar muito tempo. Suas iniciativas modernizadoras encontravam um forte revés na manutenção da estrutura colonial agro-exportadora e escravista e na concorrência com empreendimentos estrangeiros, principalmente ingleses. Esses, inescrupulosos pelo lucro, não mediam esforços, praticando as mais violentas sabotagens contra o empresário brasileiro, como o incêndio provocado que destruiu a Ponta de Areia em 1857. Outro fator que contribuiu para impedir a consolidação das iniciativas de Mauá, foi a reformulação da tarifa Alves Branco pela tarifa Silva Ferraz em 1860, que reduziu as tarifas alfandegárias para máquinas, ferramentas e ferragens, favorecendo os interesses do capital estrangeiro.
Para os setores mais conservadores do governo, o vanguardismo empresarial de Mauá associado ao seu posicionamento liberal e abolicionista, era visto como uma ameaça. Sua posição contrária à Guerra do Paraguai (1864-1870), criou mais inimizades no governo. Abandonado pelo próprio imperador, Mauá vê-se obrigado cada vez mais a se associar com os empresários britânicos, resultando na falência ou venda de suas empresas por preços reduzidos.
Não resta dúvida de que a manutenção de características coloniais, com base no latifúndio monocultor escravista, representavam um sério obstáculo para o progresso urbano-industrial. O crescimento do processo abolicionista e o fortalecimento da nova oligarquia não-escravista do oeste paulista, trabalhavam em detrimento do regime monárquico e dos interesses a oligarquia escravista.
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