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MITOS E LOGOS: UMA SUPERAÇÃO
OU UMA OPOSIÇÃO RADICAL?
JUSSEMAR WEISS GONÇALVES*
Compreender a emergência do logos no pensamento grego é o
objetivo deste artigo. Como se instala, que processo o compõe, como se
relaciona como o pensamento mitológico. Se existe um diálogo com o
mito ou não. Em suma, embora não esgotando o assunto, o artigo quer
trazer à baila a relação que nos meados do século XVII o mito começa a
travar com essa forma nova de ver e dizer o mundo, ou seja, uma nova
forma de pensar.
Para fazer a nossa análise utilizaremos o conceito de dispersão,
que nos ajuda a compreender aquele fenômeno de espalhamento, de
diversificação da cultura grega no Mediterrâneo. Essa dispersão brota
de um processo longo de crises, nas quais o social, os pensamentos, o
econômico, passam por uma verdadeira mutação. Na Ásia menor, uma
nova forma de compreender a natureza. Na Magna Grécia surgem os
primeiros legisladores. Enfim, mudanças que caracterizam um período
repleto de significações e cujos resultados são sínteses temporárias. A
nosso ver, o conceito de dispersão nos ajuda a compreender a síntese
como emergência do novo a partir de uma superação, como também
nos anuncia que essa síntese é sempre temporária, ou seja, sujeita às
novas elaborações. Também achamos importante dizer o que estamos
tratando por história, já que, na história do mito, é evidente certa
compreensão do mesmo de cunho evolucionista com claras implicações
para interpretação histórica.
A história, ou melhor, uma determinada concepção, tem se
caracterizado por ver o passado como uma linha reta com descidas e
subidas, com auges e decadências; dito de outra forma, uma seqüência
linear de acontecimentos. Sejamos claros: o passado não existe
enquanto realidade; é uma recriação. Interpretação que se define pela
forma de o autor, o historiador, ordenar seus dados, entre outras coisas.
Nessa ordenação, na qual o passado é colocado de forma contínua, o acontecimento perde sua significação, em favor da projeção do autor.
Ele busca recriar o passado, trazê-lo à tona qual barco submerso,
pretendendo mostrar a sua vivacidade1
. Essa visão marca a
compreensão da história como realização do devir. Essa postura
transforma a interpretação na própria realidade e busca uma relação
unidimensional, causal, esquecendo a diversidade na construção dos
acontecimentos. Nessa forma de pensar a história, o que está em jogo é
descobrir a origem, o princípio. Uma pesquisa sobre a origem pretende
encontrar a essência exata das coisas. Sua forma imóvel e anterior a
tudo o que é externo, acidental e sucessivo2
. Dessa forma, não há
transitoriedade, mas uma síntese que se pretende duradoura e que
traça uma continuidade evolucionista, finalista, que cria desdobramento
meta-histórico.