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No Brasil, essa herança ganhou novos significados. Originalmente realizadas para relatar aos mais jovens fatos históricos, de forma a reforçar tradições e fundamentar a cultura, as danças se transformavam em um importante meio de valorização do grupo familiar ou social. Outras, contudo, nasceram como meio de expressão e diversão, e revelavam a intensidade da energia de cada indivíduo, seu poder e suas capacidades.
Mesmo com as fusões, a dança afro-brasileira é traduzida pelo candomblé, que não só mantém forte influência obre os negros como também sobre os brancos, uma vez que ambos estão, de certo modo, envolvidos nestas expressões. “Principalmente na Bahia, a relação da dança afro vai além da história, do visível e da palavra. Os mitos nos cultos afro-brasileiros não são apenas referências a um passado histórico, os mitos são revividos, dramatizados, são meios de comunicação e expressão através das danças”, diz Enoque.
Assim como a miscigenada raça brasileira, a dança incorporou matrizes europeias e indígenas. Em algumas manifestações folclóricas, já não se percebe mais as suas origens étnicas. Estas modalidades são exclusivamente brasileiras. “Brasil é um país multicultural, e na sua pluralidade, a dança pôde unir as classes e aproximar os povos em uma grande celebração”, avalia Enoque. Agilidade e soltura de cabeça, ombros, braços, tronco e quadril são pontos em comum dos movimentos na dança afro-brasileira, que varia entre intensa energia, lentidão e sensualidade. Os joelhos flexionados e os pés marcando fortemente o ritmo mostram a ligação com a terra.