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Como a arte pode abordar problemas reais, como a dizimação de populações indígenas no Brasil ao longo dos últimos séculos, sem cair em um formato meramente ilustrativo?
"A Queda do Céu", mostra organizada por Moacir dos Anjos, enfrenta este dilema ao exibir desenhos dos índios ianomâmis, nos quais eles apresentam sua visão do mundo sem a mediação da arte.
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São desenhos poéticos, que abordam a cosmogonia ianomâmi que prevê um fim trágico do planeta por causa do desrespeito à natureza: fraturado, o céu ainda vai cair sobre a Terra.
Essa ideia está no livro do xamã Davi Kopenawa, de onde vem o nome da mostra. Escrita em parceria com o antropólogo francês Bruce Albert, a obra foi lançada na França em 2010 (ed. Plon, 828 págs.), e deve ter a versão brasileira publicada no próximo ano.
A questão indígena já estava presente em outras exposições do curador, como na série "Cães sem Plumas" –uma investigação sobre grupos marginalizados do país, rara reflexão dentro da arte contemporânea brasileira com viés social nos últimos anos.
No Paço das Artes, dos Anjos reúne também trabalhos de arte mais convencionais, como a nova série de Cildo Meireles, "Zero Real" (2014), um desenho de Leonilson que aborda a temática e os cartões postais de Anna Bella Geiger, nos quais ela se coloca no lugar de índios retratados em outros cartões.