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A história oficial da Independência do Brasil foi uma construção do Império. O Sete de Setembro é uma data forjada, assim como o heroico Grito do Ipiranga. Hoje a pesquisa histórica é capaz de revelar que, por exemplo, as resoluções que chegaram das Cortes de Lisboa e provocaram a ira do príncipe regente, que decidiu declarar-se separado de Portugal ali mesmo, às margens do rio Ipiranga, só chegaram aqui nos trópicos no dia 22 de setembro. Até 1825, a imagem de Dom Pedro como defensor perpétuo e imperador constitucional do Brasil já estava muito desgastada e sua recuperação era de fundamental importância para manter a ordem da recente nação. Nesse contexto, começam a surgir referências objetivas ao Sete de Setembro, como marco indiscutível da Independência do Brasil. A imagem que temos hoje só começou a ser produzida em 1823, em um pronunciamento do Imperador, que se refere ao ato “memorável no sítio do Piranga”, discurso esse com tom de afirmação categórica com a intenção de anular dúvidas ou criar uma nova interpretação sobre o fato definidor da Proclamação da Independência.