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Conversa fiada de uma menina, seriedade nenhuma, um desabafo ingênuo, seria mesmo? Ledo engano! Por trás de um discurso inocente, Drummond provoca uma critica social. Trata-se de uma extraordinária crônica que a princípio nos conta uma "''historinha" sem maiores consequências, num tom pra lá de leve, entretanto é capaz de fazer-nos sentir coisas grandiosas. Ao mesmo tempo que ironicamente questiona valores da sociedade impostos pelo capitalismo de uma forma tão profunda...
Ao lançar mão de uma personagem infantil, o autor capta ainda mais a simplicidade, o bom humor, a sensibilidade de uma menininha que sem nenhum dinheiro consegue desfilar na imaginação os vários presentes que gostaria de dar a sua mãe no seu dia. Até faz-nos acreditar que de fato os daria, se não fosse um pequeno detalhe, não é?
É como se ela tivesse do lado de fora de uma vitrine imensa, olhando todos os objetos maravilhosos, eletrodomésticos, eletroeletrônicos que solucionariam todos os problemas da casa, quiça, da vida daquela mãe, tão assoberbada de afazeres infindáveis...
Mas que, na verdade, quem dá esses superpoderes aos tais presentes é a propaganda que cria aspirações e necessidades transformando-os em bens ideais para as pessoas. Pura invenção! De quem? Fruto da sociedade de consumo que cruelmente esbanja o ter a todo custo, só quem tem, faz parte dela... Aos outros resta apenas o olhar invejoso e inacessível...por saber que a falta de dinheiro os separa dos outros...ou então, os valores sentimentais, como um beijo carinhoso desta filha na sua mãe é tudo o que sobra...ou o que é suficiente...