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A obra prima da vida do pai da sociologia, As Regras do Método Sociológico, onde o autor nos mostra, e elucida, acerca do objeto de estudo da Sociologia, e dos métodos empregados para essa analise. A obra inicia justamente com uma crítica ao pensamento, até então, dominante, inclusive de nomes consolidados nos estudos sociais, como Spencer.
Durkheim defende a ideia de desatrelar o conceito de fatos sociais de outras ciências, como a biologia e a psicologia. Nem tudo que o ser humano pratica está intimamente ligado à Sociologia.
Todo indivíduo come, bebe, dorme, raciocina, e a sociedade tem todo o interesse em que essas funções se exerçam regularmente. Portanto, se esses fatos fossem sociais, a sociologia não teria objeto próprio, e seu domínio se confundiria com o da biologia e da psicologia. (DURKHEIM, 1895, p. 2).
O fato social se estabelece numa relação de imposição, onde um indivíduo se torna receptáculo de algo pré imposto à ele, seja por convenções sociais, ou contratos sociais, ou, até mesmo, o próprio indivíduo o recebendo de forma educada. Um dos exemplos de Durkheim, é a execução de funções como manifestações sociais, ser marido, irmão, filho. Estes são fatos sociais, pois, a incumbência não foi aceitada previamente, o indivíduo a exerce por implicação social, não tendo criado tais funções, o que, claramente, é diferente de comer e beber, pois, essas funções essenciais para a sobrevivência do corpo, logo, atua no campo da Biologia. Portanto, nos mesmos parâmetros, a religião se torna um fato social, já que também, ao nascer ela é pré imposta por costumes e cultura da família, ou do Estado.
Ou seja, o fato social é todo modo de agir, pensar, e sentir que apresentem a característica de funcionalidade, independente da existência da consciência individual.
Tendo isso, o sistema capitalista, em seu modo complexo e covarde de ação, também se torna um fato social. O autor, nessa obra, tem como objetivo a desvinculação dos fatos sociais tanto das outras áreas do conhecimento já citadas, mas também, de noções filosóficas, logo, a tratativa dele para com esses fatos passa a ser chamá-los de “coisas”. Por isso, aqui, não irei tratar do capitalismo com a concepção filosófica de Marx.
O fato social, para ser assim chamado, além de uma funcionalidade externa à consciência individual, possui também determinada força coercitiva e imperialista. É importante definir esse conceito, o desvinculando da área psíquica, já que, para a imposição social de um fato, este deve se independer da consciência individual, mas, também, é importante salientar, que, o mesmo fato não exclui por completo a consciência.
Durkheim nos mostra que, se a força coercitiva do fato existe, e ela arrebata qualquer vontade individual, a solução seria a entrega, sem resistência, à esse fato. Mas, não. Se essa força coercitiva existente, arrebata a vontade, logo, a reação natural do ser, é a resistência. Porém, se pegarmos, como fiz, o fato social sendo o sistema capitalista, seria, segundo Durkheim, inútil quaisquer tipo de resistência, pois, a partir do momento de entrega irresistente, a diminuição da pressão que a força com que o fato arrebata, diminui, logo, a falsa impressão de que estamos no controle, ou gerimos/gerenciamos esse fato, surge. Portanto, evidentemente que os indivíduos das classes baixas que cedem ao capitalismo, sofrem em dobro pelas mãos do mesmo.
Esse processo, como fato social, esbarra no conceito da verdade. A verdade não é um conceito dogmático, que exclui a fúria com que o fato social escorraça a vontade individual, e deixa atribuir o sentido do fato social ao que o sujeito faz dele. Isso não existe.
O autor ainda nos mostra como a imposição desse fato é dada.“Esse fenômeno é um estado do grupo, que se repete nos indivíduos porque se impõe a eles. Ele está em cada parte porque está no todo, o que é diferente de estar no todo por estar em cada parte. (DURKHEIM, 1895, p.8).
Nesse sentido, o sistema capitalista assume certa identificação com o sentido de cultura, com sua transmissão prévia.
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